Jornalismo

MP recorre de decisão em que mãe perde guarda por morar em favela

O Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro vai recorrer ao Tribunal de Justiça (TJ) para tentar reverter a decisão judicial que impôs à agente comunitária de saúde Rosilaine Santiago a perda da guarda de seu filho de 8 anos pelo fato de ela morar em uma área considerada de risco.
Em nota, o MP considerou a decisão de entregar a criança ao pai, que vive em Santa Catarina, absurda e preconceituosa e disse que vai agir na qualidade de garantidor da ordem jurídica e dos direitos democráticos, uma vez que a pobreza não pode ser fator preponderante para definir quem melhor exercerá a guarda de um filho.
Rosilaine cresceu em Manguinhos, na zona norte do Rio, tem casa própria na comunidade, trabalha com carteira assinada como agente comunitária de saúde e é aluna da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz, onde faz o curso de técnico em agente comunitário de saúde. O pai, que reivindica a guarda, é militar e vive em Joinville (SC).
Na primeira decisão sobre o caso, em 2017, o juiz afirmou que seria mais vantajoso para a criança morar com o pai, já que a cidade do Rio virou uma “sementeira de crimes” e Manguinhos, é uma área criminógena. Essa decisão acabou sendo anulada por um desembargador, mas em uma outra sentença proferida neste mês de julho, o juiz utilizou os mesmos argumentos anteriores sobre o risco do local onde Rosilaine mora e ainda acrescentou que o menino precisa de exemplo paterno por ser do sexo masculino.
O Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Município do Rio de Janeiro, ao qual Rosilaine pertence, emitiu uma nota de repúdio contra a decisão. O vice-presidente do sindicato, Wagner Souza, destacou que a argumentação do magistrado agride toda a categoria dos agentes de saúde, que vivem nos locais onde atuam, criam seus filhos nas favelas e inclusive tem como trabalho a instrução dos moradores quanto o acesso aos direitos.
Na mesma direção, os professores de Rosilaine na Fiocruz também fizeram uma carta informando que ela é uma pessoa íntegra, aluna dedicada e que preza pela segurança e cuidado do filho. Na carta, os docentes relatam que assim como os outros alunos do curso, Rosilaine já levou o filho para a Fiocruz, em ocasiões de necessidade, como em situações em que ele não tinha aula e que a criança sempre pareceu muito bem cuidada e foi acolhida prontamente pelos colegas e professores do curso.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio disse que vai cobrar da Justiça explicações sobre o caso. Diante das críticas, o TJ foi procurado e respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que os processos de guarda são sigilosos e que os magistrados não podem comentar decisões e sentenças em processos que ainda estejam em tramitação.
Com informações da Agência Brasil.

Nilson Duarte
Compartilhar

Notícias recentes

ASSEC abre inscrições para bolsistas do Instituto de Artes

A Associação de Eventos Culturais de Sorocaba (ASSEC) está com inscrições abertas para a seleção…

16 horas atrás

Desembargador nega recurso e torna lei que criou cargos na Prefeitura de Sorocaba nula

O desembargador José Orestes de Souza Nery, do Tribunal de Justiça do Estado de São…

16 horas atrás

PROGRAME-SE 28/01/2025

No PROGRAME-SE desta terça-feira destaque para filme de graça na biblioteca municipal de Sorocaba; você…

17 horas atrás

Superintendente da CAIXA fala sobre financiamento, FIES e apoio a empreendedores

Paulo Henrique da Costa, Superintendente Regional da CAIXA, foi entrevistado no Jornal da Cruzeiro desta…

17 horas atrás

Menina de 2 anos baleada no Rio está em estado grave

É grave o estado de saúde da menina Mirella Pinho Francisconi, de dois anos de…

18 horas atrás

Santos planeja apresentação de Neymar no Pacaembu e na Vila Belmiro

O Santos está preparando uma apresentação histórica para Neymar, que será realizada em dois momentos. A ideia…

18 horas atrás