Uma das quatro testemunhas de acusação do caso Vitória Gabrielly disse, durante o júri popular de Júlio César Lima Ergesse, que o assassinato da adolescente se tratou de uma “queima de arquivo”.
O julgamento teve início às 9h desta segunda-feira (21), no Fórum de São Roque. A afirmação está relacionada com a linha de investigação de que a adolescente de 12 anos teria sido morta por engano, em junho de 2018, em Araçariguama.
Vitória teria sido confundida por Júlio e o casal Bruno Marcel de Oliveira, de 33 anos, e Mayara Borges de Abrantes, 24 anos, com outra pessoa. Eles teriam sido mandados para cobrar uma dívida de drogas.
Conforme apurado pela reportagem do Cruzeiro do Sul, Júlio chegou ao fórum cerca de cinco minutos antes do horário da audiência, levado pelo carro da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). O entorno do prédio ganhou um forte esquema de segurança policial.
Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), são quatro testemunhas de acusação e nove testemunhas de defesa.
Até as 11h30 todas as testemunhas da acusação haviam sido ouvidas e depois duas testemunhas de defesa depuseram. Cerca de quase três horas após o início do julgamento, foi estabelecida uma pausa, com previsão para ocorrer até as 13h30.
O pai da menina estava presente na audiência, mas disse que só daria entrevista após o término do julgamento.
No primeiro depoimento, dado por um amigo de Júlio, a testemunha disse que quando foi procurada pelo acusado ele estava muito alterado e que precisou “dar água com açúcar para ele”. Após saber da morte da garota, ele teria ido até o batalhão da Polícia Militar de Mairinque para denunciar o crime.
Outra situação apontada durante o júri, seriam supostas agressões por parte de policiais quando o trio foi preso e encaminhado para a delegacia. Essas agressões teriam sido descartadas após exames de corpo de delito feitos por peritos.
Uma das testemunhas presenciou o momento em que Vitória entrou no carro com os acusados. Ele teria visto uma tatuagem no braço de um dos envolvidos. Durante a sessão, o juiz solicitou que a testemunha avaliasse a tatuagem do réu, porém ela não conseguiu se lembrar exatamente do desenho que viu.
O júri é composto por sete pessoas, sendo cinco mulheres e dois homens. O julgamento é presidido pelo juiz Flávio Roberto de Carvalho.
Recurso
Além de Júlio, também são acusados do assassinato da garota de 12 anos o casal Bruno e Mayara. Os réus responderão por sequestro, homicídio qualificado por motivo torpe, fútil, meio cruel, recurso que impediu a defesa da vítima e ocultação de cadáver.
Os outros dois envolvidos no crime haviam solicitado à defesa um recurso para tentar impedir que passassem por júri popular. O Tribunal de Justiça disse ainda que, como o processo corre sob segredo de Justiça, não poderia fornecer mais informações sobre o caso.
Em 26 de fevereiro deste ano, o trio foi convocado para a terceira audiência do caso no fórum de São Roque. Entretanto, Bruno e Júlio não compareceram, quando foi marcada uma nova data para serem ouvidos, em 15 de abril. A audiência durou meia hora e somente a ré Mayara Borges de Abrantes esteve presente, tendo sido interrogada.
Relembre o caso
Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, de 12 anos, foi morta em 8 de junho de 2018, em Araçariguama, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). O corpo da menina, que até estava desaparecida, foi encontrado somente oito dias depois, em 16 de junho. Vitória estava em uma área de mata do município.
O caso ganhou notoriedade pelo fato de se tratar de uma adolescente que, ao ser confundida com a irmã de um rapaz com dívidas de drogas, foi sequestrada pelos três acusados que a agrediram por horas. Após perceberem que o caso havia tomado grandes proporções, eles a assassinaram.
No dia 22 de maio deste ano, a Polícia Civil prendeu o quarto suspeito de envolvimento na morte da estudante. Odilan Alves, de 35 anos, é apontado como comandante do tráfico na região e teria mandado sequestrar a irmã de um usuário de drogas que devia R$ 7 mil ao traficante.
Com informações do Jornal Cruzeiro do Sul
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