O secretário de Cultura de Sorocaba, Marcel Stefano Tavares Marques da Silva, disse ontem que a pasta não investirá recursos públicos para a realização ou apoio do desfile das escolas de samba no Carnaval do ano que vem.
Em 2020, de acordo com a lei orçamentária aprovada recentemente, a pasta terá R$ 13,4 milhões — montante que é 17% menor que a dotação deste ano –, e, segundo Stefano, todas as ações da pasta serão “repensadas” por sua equipe. “Vamos fazer ações [culturais] no Carnaval, mas aquele Carnaval de rua, tradicional, não vai ter, não”, afirmou. A declaração foi dada pelo secretário em coletiva de imprensa realizada no Chalé Francês, convocada para o anúncio do “Forfé Cultural”.
O presidente da União Sorocabana das Escolas de Samba (Uses), Edson Cesar Leite, conhecido como Edson Negracha, lamentou a decisão do titular da Secult, já que, segundo ele, os membros das agremiações carnavalescas já vinham trabalhando na preparação de sambas-enredos e alegorias para o desfile de 2020. “A gente só tem a lamentar. Algumas das escolas já estavam com mais de 60% de seu Carnaval pronto e infelizmente isso tudo vai ficar guardado ou, se houver possibilidade, levado para cidades vizinhas”, comentou, destacando que, a exemplo dos últimos anos, nenhuma agremiação receberia subvenção da cidade e a expectativa era de que o investimento do poder público se resumisse à disponibilização de estrutura da “Passarela do samba” que, nos últimos anos, foi montada em um trecho da avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, no Alto da Boa Vista.
Negracha acrescentou que uma reunião com os representantes das escolas de samba da cidade será marcada nos próximos dias para definir se realizam um evento independente ou mesmo “desfile-protesto”.
Já Marcelo Mello, presidente da Mocidade Independente de Sorocaba, que é filiada à Associação Cultural do Samba de Sorocaba (Acusa), relata que, há duas semanas, acompanhado de um representante da Gaviões da Fiel Sorocaba, chegou a agendar uma reunião com o novo titular da Cultura, para tentar viabilizar o Carnaval de rua, mas não obtiveram retornou. “Ele [o secretário de Cultura] podia ter chamado as escolas de samba para conversar e ver outra possibilidade de viabilizar o evento, em vez de tomar essa decisão radical de cancelar”, comentou.
Mello afirma que as agremiações reconhecem a dificuldade financeira que a cidade passa e que o custo da estrutura, que no ano passado girou entorno de R$ 200 mil, poderia ser readequado para menos de R$ 30 mil. “Ele poderia nos consular, ver o que pode ser enxugado para o Carnaval de rua não acabar. Podia, em vez de arquibancada, ter só gradil, não contratar jurado, tirar tudo isso não teria problema nenhum”, disse.
Ontem, aproximadamente uma hora depois da notícia sobre o cancelamento do Carnaval sorocabano de 2020 ser publicada nas sociais do Cruzeiro do Sul, a postagem já reunia quase cem comentários, a grande maioria aprovando a decisão do Executivo municipal.
A maior parte dos comentários pedia que os recursos financeiros supostamente poupados com a o cancelamento do festejo sejam transferidos para outra área, especialmente a da saúde.
Mello considera que comemorar o cancelamento do Carnaval de rua sorocabano em detrimento de eventuais investimentos na área da saúde, é “demagogia”, já que se tratam de rubricas distintas da Lei do Orçamento Anual (LOA) e que, portanto, só podem ser remanejadas em caso de exceção. “Em nenhum momento nós, das escolas de samba, deixamos de enxergar as prioridades na saúde, e também em educação, segurança, habitação, até porque a maioria das pessoas que vivem e participam do Carnaval são de baixa renda, que dependem do SUS, creche e escola pública. Só que falar que vai tirar do Carnaval para resolver o problema da saúde é demagogia pura”, comentou.
Com informações do Jornal Cruzeiro do Sul
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