Jornalismo

Aluno da Ufscar Sorocaba reúne voluntários para desenvolver respiradores artificiais

Uma plataforma aberta está reunindo de forma virtual voluntários para o desenvolvimento de um respirador artificial e outros protótipos que possam colaborar nos atendimentos a pessoas com Covid-19. A plataforma aberta Respirador Hacker (http://respiradorhacker.github.io) tem como foco o trabalho colaborativo de pesquisadores dentro e fora do Brasil, de diversas áreas do conhecimento, empenhados em apresentar protótipos de fácil produção, baixo custo e acessíveis.
A iniciativa teve início em março deste ano, “visando à prototipagem e montagem de um respirador para auxiliar em um possível gargalo das redes de saúde visto a rápida propagação do Coronavírus, como ocorreu em alguns países da Europa”, conta o analista de sistemas e idealizador da iniciativa, Rodrigo Ferraz Azevedo, mestrando do Programa de Ciência da Computação (PPGCC-So) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Com o seu crescimento, a plataforma hoje já conta com cerca de mil voluntários do Brasil, China, Estados Unidos e outros países, e se dedica, além do respirador artificial, ao desenvolvimento de equipamentos de proteção individual (EPIs), outros modelos de ventiladores artificiais e instrumentos que possam ser fabricados em impressoras 3D.
“O objetivo do projeto é a produção de conhecimento de forma descentralizada e ‘anárquica’, algo comum no movimento maker [que aposta na capacidade das pessoas fabricarem e aprimorarem objetos de maneira colaborativa]. Então temos vários profissionais especialistas de governos, grandes empresas e universidades. A iniciativa de voluntariado, porém, é pessoal, de cada um, não da instituição ao qual está ligado”, conta Azevedo.
Segundo ele, o desenvolvimento de respiradores artificiais “está sendo discutido no universo hacker desde o início do ano devido à falta de respiradores (ventiladores artificiais pulmonares) em países da Europa, o que potencializa a quantidade de mortes e prejudica o tratamento da doença.
Alguns países chegaram ao ponto de ter que decidir quem vive devido à falta de equipamentos”, ressalta Azevedo, que recebeu um convite da Organização das Nações Unidas (ONU) para apresentar o projeto no Fórum de Genebra, na Suíça, no dia 9 de dezembro.
Na ocasião, serão apresentados outros exemplos de respiradores criados a partir de laboratórios makers. “Qualquer pessoa pode participar e temos voluntários médicos, advogados, engenheiros etc. A demanda maior é por engenheiros, principalmente eletrônicos”, destaca o idealizador da plataforma, que funciona de maneira open source.
Isso significa que o conhecimento gerado é totalmente livre para compartilhamento, reformulação e distribuição. “No nosso caso o único crivo será a regulação, por exemplo, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa], que aceitará ou não a qualidade do projeto a ser certificado”, detalha Azevedo.
Para entrar e participar, basta acessar a plataforma (http://respiradorhacker.github.io), escolher um projeto e começar a contribuir. A comunicação é feita pelos canais Github, Telegram, WhatsApp e Slack. Entre os principais projetos em desenvolvimento atualmente está o do respirador EAR, próximo à fase de certificação na Anvisa, e também de EPIs, como protetores faciais do tipo face shields em impressoras 3D.
Os esforços já renderam frutos e foram feitas doações para hospitais e prefeituras de produtos elaborados a partir do conhecimento gerado na Plataforma.
Projetos open source
Os projetos têm utilizado metodologias ágeis e processos interativos, nos quais as tarefas são divididas em pequenos incrementos.
O mestrando da UFSCar explica que “cada projeto é livre para escolher a sua forma de licenciamento, porém o nosso apoio é somente para os open source, já que todos somos voluntários. A licença é preestabelecida para aqueles que solicitam apoio. A vantagem é que o conhecimento gerado não fica restrito a um único grupo e nem baseado em licenciamentos complexos, algo que poderia prejudicar a produção dos equipamentos para atender aos hospitais e equipes de saúde. Importante dizer, também, que open source não significa sem fins lucrativos, já que as empresas poderão cobrar pelos produtos”.
“Nós buscamos grandes empresas com experiência na fabricação de equipamentos médicos e com experiência prévia em certificação desses equipamentos, principalmente da Anvisa. Então esperamos que isso aumente as chances dos projetos serem replicados e distribuídos. Entretanto, não há qualquer limitação sobre quem possa replicar, certificar e disponibilizar tais equipamentos para a rede de saúde”, explica Azevedo.
Com informações da Coordenação de Comunicação da Ufscar
Edição – Alessandra Santos

Cruzeiro FM
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