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Em São Paulo, conflitos em condomínios se multiplicam na pandemia

Os conflitos em condomínio se multiplicaram durante a pandemia de coronavírus, segundo a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC). Os registros de queixas dobraram e até triplicaram em alguns prédios de acordo com a entidade que reúne empresas que administram cerca de 16 mil condomínios.

As reclamações cresceram na proporção em que as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, na avaliação do presidente da associação, José Roberto Graiche Junior. “O pessoal, antes da pandemia, não estava acostumado a ficar tanto tempo dentro de casa. Agora, tem que trabalhar em casa e conciliar a escola dos filhos com estudo online”, explica.

O barulho tem sido a maior reclamação no período, segundo ele. “O barulho de pessoas dentro da unidade: fazendo aula de música, arrastando móvel ou as crianças brincando naqueles condomínios onde não está liberado o playground”, destaca.

As reformas também se tornaram objeto de várias disputas. “Agora, com a flexibilização [da quarentena], as obras dentro das unidades voltaram, com algumas restrições, algumas regras para poder acomodar tanto a pessoa que precisa fazer reforma como as que ainda estão em casa”, acrescenta.

Diálogo

Porém, de acordo com Graiche, a maior parte dos conflitos têm sido resolvido com diálogo entre síndicos e moradores. “Uma simples conversa do síndico ou zelador, dando um toque de que a pessoa está incomodando o vizinho, a grande maioria das vezes já resolve. Ou uma simples conversa entre os próprios vizinhos”, ressalta.

Síndico de um condomínio com aproximadamente 1,6 mil pessoas em 448 apartamentos, Paulo Werneck diz que tem buscado o bom senso e se desdobrado para mediar as diferentes opiniões. “A gente está tendo que ser prefeito, advogado, presidente. Cada um quer uma coisa. A pessoa tem que entender que o direito acaba onde começa o do vizinho”, comenta sobre as dificuldades em gerir o condomínio na região do Morumbi, zona sul da capital paulista.

Paulo conta que, antes da pandemia tinha que lidar, em média, com três ou quatro reclamações de moradores. No últimos dois meses, no entanto, o síndico já teve que mediar mais de 20 conflitos. “Tem muita reclamação de barulho. Criança pulando. Mesmo não sendo tarde da noite o pessoal reclama, porque as crianças não têm onde brincar”, conta a respeito de como o home office [trabalho em casa] fez parte dos moradores ficarem mais exigentes em relação ao silêncio.

Quando isso ocorre, o síndico diz que tenta conversar com o morador do apartamento de onde vem o barulho. “Quando o barulho é muito alto, a gente tenta conversar”, diz. No caso das unidades com crianças, às vezes um tapete ou uma conversa com os pequenos ajuda a reduzir o incomodo para o vizinho.

Uma novidade da pandemia são, segundo Paulo, as reclamações sobre o uso de máscara nos espaços internos do condomínio. Ele explica que, como parâmetro, os prédios adotam normas semelhantes às da prefeitura e do governo estadual para o funcionamento do comércio e serviços. “Tem sempre um ou outro que esquece ou fala que não acha certo usar, porque está fazendo exercício físico. As academias exigem máscara. A gente procura se adequar à norma do governo, buscando a realidade do condomínio”, conta.

Mas, mesmo com os desentendimentos, o síndico diz que os moradores têm buscado o entendimento e sido solidários nos tempos difíceis. “Apesar dos conflitos, eu diria que o pessoal está mais solidário um com outro. Tem feito ações dentro do condomínio para ajudar comunidades mais próximas”, diz.

Com informações da Agência Brasil.

Cibelle Freitas
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