O brasileiro Rodrigo Martin, 27 anos, suspeito de matar sua mulher, Franciele Alves, 29 anos, a facadas se entregou à polícia de Choisy-le-Roi, a cerca de 20 km de Paris, na noite de sábado (26). O crime aconteceu na sexta-feira (25) no apartamento do casal e, desde então, ele era ativamente procurado pela polícia francesa. Os dois filhos do casal, de 2 e 4 anos, estão sob proteção da Justiça francesa de menores.
Os brasileiros moravam em Paiçandu, no Paraná, antes de se mudar para a França. O provável feminicídio aconteceu no apartamento onde eles residiam em Champigny-sur-Marne, município da grande região metropolitana de Paris.
O prefeito da cidade, Laurent Jeanne, declarou ao jornal Le Parisien que desconhecia o casal e que sua principal preocupação, quando soube do crime na noite de sexta-feira, foi com o destino dos dois meninos menores de idade. “Inicialmente, acreditamos que o pai tinha sequestrado as crianças e ficamos com muito medo”, declarou o prefeito, aliviado por saber que os meninos foram localizados sãos e salvos na casa do patrão de Rodrigo Martin, a 700 metros do local do crime. “Esta é a única coisa positiva neste caso”, lamentou o prefeito.
Franciele Alves foi encontrada pela polícia com uma faca cravada no tórax e três ferimentos de aproximadamente 5 centímetros na parte inferior do corpo. O provável feminicício aconteceu pouco antes de 20h de sexta-feira (15h em Brasília) e a brasileira foi declarada morta cerca de uma hora mais tarde.
Quatro dias antes da agressão fatal, Fran, como era chamada pelos amigos nas redes sociais, compartilhou uma mensagem premonitória: “Não se case com a morte – não adote um barbado. Se relacionar com alguém que só te faz sofrer é se entregar à morte e esperar que ela não vá acontecer.”
No perfil de Martin no Facebook, sob uma foto antiga do casal tendo a Torre Eiffel ao fundo, um conhecido escreveu: “Oia esse machão aí sim meu jovem felicidades aí pra vcs.”
O que se sabe sobre o crime
Na sexta-feira, a polícia francesa foi acionada por uma vizinha do casal para ir até o apartamento onde a família brasileira morava em um imóvel de três andares no centro de Champigny-sur-Marne, próximo da sede da prefeitura. Mais cedo, ela tinha ouvido uma discussão no apartamento dos brasileiros. Minutos depois, Martin tocou a campainha e pediu que ela chamasse a polícia. O paranaense deixou o prédio levando os dois filhos. Em seguida, ele percorreu 700 metros até a casa do patrão, um pequeno empreiteiro da construção civil, onde deixou as crianças antes de fugir. A fuga, no entanto, durou apenas 24h, porque o suspeito se entregou espontaneamente à polícia.
Os investigadores tratam o caso como um provável feminicídio em decorrência do depoimento da sobrinha do companheiro. Ela chegou ao apartamento durante a intervenção da polícia, pois o casal havia pedido que ela viesse cuidar dos filhos.
Os dois garotinhos foram encaminhados para os serviços de assistência social do Estado. O prefeito de Champigny disse ao jornal Le Parisien que vai acompanhar o caso e que o município vai colaborar com a Justiça.
“Era uma família totalmente desconhecida de nossos serviços sociais”, insistiu o prefeito. “Parece que eles se instalaram na cidade há dois anos, e o menino mais velho entrou na escola maternal no início do ano letivo, em setembro”, completou Jeanne.
Em grupos do Facebook de brasileiros em Paris a consternação é imensa. Mulheres trocam mensagens lamentando o destino de Fran. Muitas se questionam por que ela não pediu ajuda se sentia estar sob ameaça de morte por parte de seu companheiro. O Ministério Público abriu uma investigação por homicídio doloso.
Em 2019, 146 mulheres foram vítimas de feminicídio na França, segundo dados oficiais. Desde o início do ano, a agência AFP já contabiliza 49 assassinatos de mulheres por seus maridos ou ex-companheiros em todo o país.
Com informações da Agência Brasil.
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