A pandemia de Covid-19 fez com que professores de todo o país trocassem os quadros e as carteiras escolares pelas telas e pelos aplicativos digitais.
Por isso, este Dia dos Professores, é lembrado hoje (15) pela reinvenção dos docentes.
Nesse período, eles foram obrigados a refazer todas as aulas, passar novos exercícios, escrever apostilas, gravar em vídeo os conteúdos das disciplinas, criar canais próprios em redes sociais, mudar avaliações, fazer busca ativa de alunos e se aproximar das famílias dos estudantes.
Professores de todas as partes do país, tanto da rede pública quanto da privada, relataram à Agência Brasil as diversas mudanças do período e falaram sobre as novas atribuições e papéis dos docentes, em diferentes modalidades da educação básica, vindas com a pandemia e o ensino remoto.
O suporte da mudança foi a internet, mas o episódio não se restringiu a uma revolução digital. Houve uma transformação comportamental dos professores para não perder a conexão com os alunos e manter a aprendizagem.
“A Covid-19 antecipou em uns dez ou quinze anos o que iria acontecer em sala de aula”, calcula o professor de geografia Daniel Rodrigues Silva Luz Neto, que leciona para o ensino de jovens e adultos no Gama, uma das regiões administrativas do Distrito Federal.
Para não perder alunos, ele entrou em contato com todos, adicionou os números dos estudantes no seu WhatsApp, criou grupos por turma, por onde passa áudios e vídeos com aulas e instruções. Seus alunos fazem as tarefas no caderno, tiram foto, mandam de volta para ele corrigir.
“Tivemos que aprender algo que nunca foi desenvolvido ao longo da nossa vida, que foi encarar a tecnologia a curto prazo”, acrescenta Juanice Pereira dos Santos Silva, professora de biologia e ciências da natureza na educação inclusiva, no Centro de Ensino Especial, também no Gama, onde leciona para alunos que tenham transtorno de espectro autista ou deficiência intelectual ou múltipla, desde os 8 anos de idade até a vida adulta.
A professora usa o quintal e a cozinha de casa como cenários das aulas, grava vídeos em movimento nas ruas para ensinar noções de espacialidade e passar conteúdos de suas matérias.
Ensinar os pais
Aprender, em tempo recorde, a usar ferramentas digitais para ensinar foi o primeiro desafio de Juanice Silva. O segundo foi buscar os alunos para a aulas remotas. “No nosso caso, tivemos não apenas que trazer os alunos. Tivemos que trazer os pais”, lembra a professora, destacando que a participação dos responsáveis é necessária, em especial, para os alunos para os quais ela leciona. “Tivemos de criar e-mails para os familiares, dar acesso [às plataformas] e treiná-los.”
O trabalho de mobilizar as famílias feito pelos professores da escola de Juanice Silva permite que alunos como Pedro Emanuel Araújo, com síndrome de down, mantenham a rotina de acordar cedo, tomar banho, tomar o café e vestir o uniforme do colégio, como ele faz questão, para assistir às aulas em vídeo e cumprir a tarefa.
A rotina de Pedro é dividida com o pai que, antecipadamente, verifica os materiais que o filho vai precisar para cada dia da semana e separa na escrivaninha, junto com o notebook.
Segundo a mãe do aluno, Ângela Cristina Moutinho Araújo, em tempos de ensino remoto, o filho melhorou no desempenho de atividades manuais. “Inicialmente, Pedro não sabia fazer os deveres. Com a nossa ajuda [dos pais], ele começou a fazer, hoje tira de letra.”
Com informações da Agência Brasil
Edição – Alessandra Santos
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