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Em quadro depressivo, Maradona passa bem depois de susto, mas continuará internado

Diego Armando Maradona passou por uma cirurgia de emergência para retirar um hematoma na cabeça, deixando a Argentina apreensiva durante horas. O ex-jogador vai continuar em observação pelas próximas 72 horas enquanto também se recupera de uma anemia combinada com um quadro depressivo.

Diego Armando Maradona passou a se sentir melhor e quase recebeu alta médica, depois de realizar uma cirurgia de emergência para retirar um hematoma subdural no lado esquerdo da cabeça. A intervenção foi bem-sucedida, mas o ex-jogador continuará sob observação, conforme informou o neurocirurgião Leopoldo Luque, médico pessoal de Maradona e responsável pela operação.

“A cirurgia durou aproximadamente uma hora e vinte minutos. Foi possível retirar o hematoma subdural crônico com sucesso. Diego tolerou muito bem a cirurgia. Está no quarto de terapia. Está tudo bem”, disse Luque.

As palavras tranquilizadoras do médico levaram dezenas de fãs em vigília durante toda a noite na porta da clínica a comemorarem como um gol decisivo de campeonato. Mal se ouvia como continuaria a prorrogação.

“Vamos ver a evolução dia-a-dia, mas o começo foi muito bom. Retiramos bem o hematoma e o pulso cerebral foi recuperado”, explicou o médico quase à meia-noite.

Maradona entrou na sala de cirurgia às 21h05 desta terça-feira (03), na clínica Olivos, município vizinho a Buenos Aires. A operação começou uma hora depois do inicialmente previsto porque os especialistas em neurologia queriam ter mais precisões sobre o coágulo que surpreendentemente tinham detectado horas antes.

A ambulância que trouxe Maradona levou uma hora e dez minutos para percorrer os 75 quilômetros que separam Olivos de La Plata, cidade onde o ex-jogador estava internado e onde é técnico da equipe do Gimnasia y Esgrima.

A partida que Maradona jogaria ao longo do dia começou na clínica Ipensa de La Plata, onde, no começo da tarde, o médico Leopoldo Luque percebeu o coágulo, revelado pela tomografia realizada horas antes. Luque soube na mesma hora que a cirurgia era urgente. A idade de Maradona, a quantidade de remédios anticoagulantes que toma e o excesso de álcool que consome são agravantes do risco.

Maradona tinha sido internado na segunda-feira e preparava-se para deixar a clínica. A lesão cerebral contrastava com as palavras que o próprio médico tinha anunciado horas antes.

“Maradona está bem, apenas um pouco anêmico e desidratado. Passou bem a noite. Está de bom humor. A situação evolui como queríamos. Ele está consciente e quer ir embora”, descrevia Luque.

A mudança radical de planos obrigou a improvisar uma operação especial de deslocamento do paciente mais famoso da Argentina. A surpresa com o novo diagnóstico deixou o país apreensivo.

A expectativa nacional tinha-se diluído depois de o médico informar que Maradona tinha um quadro de “anemia e desidratação”, associado a um crescente “desânimo psicológico” que, ao longo das últimas semanas, deixou o ídolo argentino fraco, sem vontade de comer e com dificuldades para andar. Foi esse estado que o levou a ser internado para exames.

Na sexta-feira passada (30), o ex-craque tinha completado 60 anos de idade. A sua aparição pública durante poucos minutos, no estádio do Gimnasia em La Plata, deixou evidente ao país que o ex-capitão da seleção argentina não estava bem.

Maradona demonstrou dificuldades para andar e falar durante a breve comemoração que lhe prepararam no estádio.

“Percebemos um desânimo que afetou a alimentação. É um paciente complicado, difícil de tratar. Não é tão obediente quanto os outros”, admitiu o médico.

O hematoma subdural de Maradona é um coágulo de sangue de origem venosa que se acumula, aos poucos, entre o cérebro e o crânio. O sangue se derrama das veias, acumulando-se como numa bola que pressiona o cérebro. Dependendo do tamanho, pode provocar danos no tecido cerebral e no próprio cérebro.

O ex-jogador não soube identificar nem quando, nem como sofreu o impacto que lhe causou a lesão interna que lhe arrebentou os vasos sanguíneos.

O médico de Maradona especula algumas possibilidades para o traumatismo. Pode ter sido durante a prática de boxe, do qual Maradona é adepto, ou alguma bolada na cabeça. Pode também ter ocorrido quando Maradona caiu de costas do banco de treinador, durante o campeonato passado. No entanto, naquela ocasião, a tomografia e a ressonância magnética não tinham indicado a formação de nenhum edema.

O agravamento da saúde do famoso craque argentino acontece em meio a atritos familiares, angústia e solidão. “Ele está mal psicologicamente e isso repercute no corpo. Alimenta-se mal. Durante uma fase da quarentena, teve problemas e bebia demais, mas isso foi corrigido”, indicou o médico Leopoldo Luque.

Com informações da RFI.

Edição – Cibelle Freitas.

Cibelle Freitas
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