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Milhares de testes estocados nos Estados vencem a partir de dezembro

Além dos 6,86 milhões de testes RT-PCR no armazém do Ministério da Saúde, lotes já enviados pelo governo federal aos Estados estão prestes a vencer. Perdem a validade em dezembro e janeiro ao menos 605,5 mil unidades, segundo levantamento feito pela reportagem com informações de 17 Estados e Distrito Federal Nove Estados se recusaram a fornecer os dados. São Paulo tem 220 mil testes que vencem em dezembro.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou, no domingo, que 7,1 milhões de exames estão em um depósito do ministério, em Guarulhos (SP), ou seja, não foram enviados ao SUS em plena pandemia. Do total encalhado, 96% perdem a validade nos dois próximos meses. Esse estoque é superior aos 5 milhões de exames realizados até agora no SUS.

A responsabilidade sobre os testes estocados se transformou em disputa do governo federal com Estados e municípios. O Ministério da Saúde afirma que só entrega os exames quando há demandas, mas os secretários locais dizem que nem sequer conseguiram dar conta do que já receberam, pois os kits para testagem chegaram incompletos.

O ministério diz que já pediu estudos de estabilidade ao fabricante do teste prestes a vencer para, na sequência, solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a prorrogação da validade do produto. São Paulo tem o maior estoque de testes (220 mil) com validade somente até dezembro, segundo os Estados que responderam à reportagem.

Em seguida, vem Minas Gerais, com 167 mil exames que expiram no próximo mês. Já a Secretaria de Saúde do Ceará afirmou, por exemplo, que ali foram consumidos primeiro os testes com validade mais curta.

O Rio de Janeiro, que mais recebeu testes do ministério, não revelou os seus estoques até as 21 horas da terça. Além do Rio, os Estados que não forneceram os dados foram Santa Catarina, Mato Grosso, Pernambuco, Maranhão, Acre, Alagoas, Amapá e Rio Grande do Norte.

Considerado “padrão ouro”, o RT-PCR é um dos exames mais eficazes para diagnosticar a covid-19, além de ser arma poderosa para o controle da pandemia por ajudar a localizar e isolar infectados e seus contatos próximos. A coleta é feita por meio de um cotonete aplicado na região nasal e faríngea (a região da garganta, logo atrás do nariz e da boca) do paciente.

Na rede privada, o exame custa de R$ 290 a R$ 400. As evidências de falhas de planejamento e logística no setor ocorrem em um período de aumento dos casos no País. Detalhe: o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, assumiu o cargo justamente por sua experiência em logística, sempre elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Mais de nove meses após o Brasil entrar em estado de emergência, porém, a Saúde ainda entrega kits incompletos para a testagem. A pasta enviou aos Estados cerca de 9,3 milhões de testes RT-PCR, mas apenas 3 milhões de reagentes de extração de RNA.

O produto entregue em menor escala é usado no laboratório, em etapa anterior à análise que mostra se o paciente está ou não infectado. Além do reagente de extração do RNA, os secretários pedem mais insumos para coleta de amostras, como cotonetes “swab” e tubos. Sem esse material é impossível o diagnóstico.

Desde a revelação sobre os milhões de kits estocados na Saúde, Pazuello não se pronunciou sobre o caso.

Também não houve explicações a Estados e municípios, segundo secretários ouvidos pela reportagem. Técnicos do ministério falarão sobre o assunto em audiência pública que será realizada nesta quarta na Câmara, após cobranças de vários partidos. Pazuello também foi convidado (veja ao lado) a dar explicações sobre o caso em comissão mista que reúne deputados e senadores. 

Com informações do Estadão Conteúdo.

Edição – Cibelle Freitas.

Cibelle Freitas
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