O motorista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Sorocaba George Luis de Camargo, de 39 anos, morreu na última segunda-feira (4) de Covid-19. A morte do profissional levanta dúvidas sobre as condições de trabalho e a proteção oferecida aos profissionais que atuam na linha de frente do socorro de urgência e emergência na cidade.
O estresse devido ao alto risco de contaminação pelo novo coronavírus e a exaustão pela jornadas excessivas, que chegam a 35 dias trabalhados sem folga têm feito parte do cotidiano dos profissionais do Samu em Sorocaba.
As condições enfrentadas por esses servidores que, por consequência se refletem no atendimento à população, foi denunciada pelos próprios funcionários ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) no dia 14 de dezembro de 2020.
O setor de comunicação da Promotoria, que trabalha em esquema de plantão, informou que estava de recesso desde o dia 19 de dezembro até esta quarta-feira (6) e por isso não pode informar se um inquérito foi aberto para apurar as supostas denúncias e que medidas serão tomadas.
Funcionários do Samu relatam que, no segundo semestre de 2020, a Prefeitura de Sorocaba cancelou o contrato que mantinha com a empresa especializada em limpeza e higienização das ambulâncias.
Desde então, essa tarefa passou a ser feita pelos próprios profissionais da base do Samu, o que teria aumentado a vulnerabilidade das equipes à exposição à Covid-19.
A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria de Comunicação, informa que o contrato de higienização das viaturas encerrou no dia 16 de novembro de 2020.
Após o encerramento, a limpeza começou a fazer parte do protocolo de enfermagem já estabelecido pelo serviço operacional do Samu.
A Prefeitura não informou se vai contratar uma nova empresa para realizar esse tipo de serviço, mas disse que a nova gestão da Secretaria de Saúde (SES) avalia as necessidades e as soluções possíveis que deverão ser implantadas brevemente.
Na representação endereçada ao MP-SP, os servidores relatam falta de manutenção corretiva e preventiva da frota, “aproximadamente oito veículos parados por pelo menos quatro meses para manutenção”, e que outros veículos deixam de ser usados por falta de profissionais como médicos, enfermeiros, técnicos ou condutores.
A representação lembra que, desde meados do ano passado, com o aumento da demanda, a Prefeitura tem redirecionado o contrato de atendimento de transporte eletivo de pacientes das chamadas “ambulâncias brancas”, mais simples, para o atendimento do transporte de urgência e emergência, o que, segundo eles, é um desvio de finalidade.
Outro problema relatado pelos funcionários ao MP é o déficit de profissionais, que têm obrigado os motoristas a realizarem horas-extras em praticamente todos os finais de semana. Em nota, a SES diz que o regime de contratação dos motoristas do Samu é de 40 horas semanais, 5 por 2, em turnos de 8 horas por dia e fim de semana com hora extra, “conforme disponibilidade e por solicitação do servidor”.
A prefeitura foi questionada sobre quais medidas pretende tomar para resolver o problema das jornadas; se é favorável ou contrária à terceirização do serviço e se pretende realizar concursos para o aumento de pessoal, mas não respondeu.
Com informações do Jornal Cruzeiro do Sul.
Edição – Cibelle Freitas.
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