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Editorial: Depois do vírus, um reajuste avassalador (19/02/2021)

Quantas vezes você já ouviu os economistas afirmarem que não há almoço de graça, no final, alguém vai pagar por ele?

Aqui mesmo, na Cruzeiro FM, você acompanha todos os dias o quadro Economia e Negócios, com o professor e economista Geraldo Almeida.

E ele, incansavelmente, repete, não em todas as colunas, mas em boa parte delas, que alguém vai pagar o almoço.

Isso é exatamente o que vem ocorrendo no Estado de São Paulo em especial.

Em decorrência da queda abrupta na arrecadação de impostos no ano passado, devido à pandemia do novo coronavírus; neste ano, o governador João Doria, do PSDB, pegou muita gente de surpresa com o anúncio do reajuste do ICMS, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

O setor automotivo, já falamos sobre isso em outro editorial, foi o que mais sentiu a faca entrar, já que o reajuste desse imposto chegou a 207%.

Mas o agronegócio, mesmo sem pular o carnaval, também sambou nessa questão, já que sofreu o impacto de um reajuste-bomba do imposto.

A alegação do governo estadual é para recompor as contas públicas do estado.

Mas, com todo o devido respeito, por que o governador não mandou, como se diz no popular, cortar na própria carne?

Há muitos cabides de emprego pela máquina administrativa do estado e em seus respectivos anexos.

Só não vê, quem não quer!

Então, em vez de castigar o empresário, o consumidor, o cidadão, que já vem sofrendo com o encolhimento do poder aquisitivo por conta da queda salarial, negociações de emprego e reajuste da cessta básica oito vezes mais que a inflação, o governo de São Paulo deveria se preocupar em focar a atenção no custo da máquina administrativa.

Essa situação, contudo, não é uma particularidade do Estado de São Paulo, ela é recorrente, nos últimos meses, em todo o país.

Ontem, o professor e economista Renato Vaz Garcia, em entrevista no Jornal da Cruzeiro, disse que ninguém mais aguenta aumento da carga tributária, ninguém suporta mais isso.

Segundo ele, essa condição imposta aos cidadãos afeta, sobremaneira, a questão do emprego.

O economista dá ênfase também ao absurdo do reajuste nos preços dos combustíveis.

De um dia para o outro, o preço parece flutuar sempre para cima.

Renato Vaz Garcia diz que o aumento no preço da cesta básica; o desemprego; o aumento de tributos; a carga tributária tradicional, que todo ano chega para o cidadão, criam um ambiente muito sensível para o país conseguir a retomada da economia.

Por sorte, analistas e especialistas afirmam que a eleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, que fazem  parte da base de apoio do governo federal, foi a esperança que faltava para o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica agilizarem a discussão e votação de reformas essenciais, como a tributária, para o rápido crescimento da economia brasileira.

Mas o que está em jogo? Não é e nem pode ser a questão política, embora ela seja, de certa forma, inerente ao sistema econômico.

O interesse do cidadão de bem, que paga seus impostos, que emprega, que faz a economia girar e que foi e é parceiro da esfera governamental no enfrentamento à Covid-19, é que deve estar em voga.

Questões de cunho puramente político e governamental devem ficar em outro escaninho do debate democrático.

A saúde, a vacinação, investimentos na economia e no emprego são exatamente o que a população precisa.

Mas, enquanto nossos governantes ficam se digladiando em praça pública para afirmar quem manda mais, o Brasil vai assistindo às movimentações e protestos de grupos economicamente ativos, como é o caso dos produtores agrícolas, dos empresários do setor automobilístico e dos caminhoneiros.

Semana que vem teremos novas manifestações que vão reivindicar ao governo de São Paulo a anulação do reajuste do ICMS.

A esperança dos protestantes ganha um alento sob o olhar de deputados estaduais que estão se articulando e apresentaram, na Assembleia Legislativa, projetos de decreto-lei para anular os efeitos do decreto do Executivo do reajuste do ICMS no Estado.

Sejamos menos reis e mais gestores públicos.

Cruzeiro FM, número um em jornalismo!!!

Cibelle Freitas
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