Depois de duas semanas passando por uma série de adaptações para transição de modelo educacional, a Escola Municipal Matheus Maylasky tornou-se a primeira unidade escolar, no Estado de São Paulo, a operar como escola cívico-militar.
Dentro do Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares, conhecido pela sigla Pecim, do Ministério da Educação, a Matheus Maylasky passou a funcionar, desde segunda-feira passada, com esse novo modelo educacional.
No ano passado, uma consulta pública obrigatória, realizada junto à comunidade escolar, mostrou que 82,5% dos pesquisados eram favoráveis à implantação do novo modelo.
Contudo, o tema, que é polêmico, acabou indo parar na Justiça pelas mãos de pessoas contrárias à mudança.
Na terça-feira, a Vara da Infância e Juventude da Comarca de Sorocaba suspendeu o processo de instalação da escola cívico-militar na Matheus Maylasky.
Porém, o governo municipal recorreu e reconquistou o direito de implantar o modelo por uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Assim, desde então, os 14 militares da reserva destacados para implantar, na prática, o modelo educacional na Maylasky, já se reuniram com os agentes educacionais da escola para planejar, coordenar e recepcionar os estudantes que deveriam voltar, presencialmente, à unidade, no dia 31 de maio.
No entanto, por conta dos trâmites envolvendo a licitação para a compra de máscaras que serão destinadas aos estudantes, o secretário municipal da Educação, Marcio Bortolli Carrara, enviou um ofício ontem aos diretores de escolas, informando que as aulas devem voltar somente em junho, com uma nova data, ainda não definida.
De qualquer forma, a Escola Municipal Matheus Maylasky retornará ao ritmo escolar sob o novo modelo educacional.
Apesar dessa mudança, a unidade vai manter o quadro de professores e funcionários, que serão justamente os agentes escolares que atuaram junto aos alunos.
Ao contrário do que se pensa, não haverá militares dando aulas ou caminhando pelos corredores impondo disciplina.
Esses mecanismos característicos da escola cívico-militar trazem outra proposta, que é a de melhorar o ensino público e recuperar o respeito às instituições há muito perdido.
Cantar o Hino Nacional, ter respeito a professores e demais funcionários e ter disciplina em sala de aula são pontos que devem ser levados em consideração para a boa formação do cidadão.
Naturalmente, que Sorocaba poderia ser pioneira nesse modelo educacional implantando-o em outra escola, em outro bairro.
No entanto, a ideia do município em iniciar pela Maylasky esbarra mais numa questão histórica do que no Ideb, o Índice e Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.
Criada em 1959, para atender aos filhos, netos e sobrinhos de ferroviários da Antiga Sorocabana (mais tarde, Fepasa), a escola transitou pelas décadas com fama de ensino de qualidade e altamente concorrida.
Com a privatização da empresa, a Matheus Maylasky foi municipalizada em 1996, na gestão do então prefeito Paulo Mendes.
A importância da Maylasky para a história e o progresso de Sorocaba foi refletida também em 2014, quando a unidade lançou o projeto Sorocaba nos Trilhos da Inovação.
Alunos da escola participavam de uma caminhada histórica para conhecer os valores históricos da cidade e eram guiados pelo historiador e coordenador da Biblioteca Infantil Municipal, José Rubens Incao.
Foi por essa razão que a Maylasky foi escolhida como a primeira unidade a receber o novo modelo educacional, já que a Estrada Ferroviária Sorocabana é o berço do progresso sorocabano.
Vale lembrar que o programa da escola cívico-militar é uma opção para todo o país, não é uma imposição; e, justamente, por isso, a escolha da unidade escolar é democrática, envolvendo o poder público e a comunidade.
E apenas para citar uma célebre frase dita pelo filósofo e matemático grego, Pitágoras,e que vale como reflexão: “Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”.
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