Faltaram 11 votos na quarta-feira desta semana para que parte dos congressistas derrotados conseguissem fazer com que a chamada PEC da Vingança fosse aprovada.
A rejeição dessa proposta por 237 votos contra foi um grande golpe e susto ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do PP de Alagoas, que apostava todas suas moedas na aprovação pelo plenário.
Ele foi um dos principais incentivadores para a aprovação da PEC 05, mas também aquele que mais pediu a retirada de votação da proposta até se sentir seguro de que a tal seria aprovada.
A regra no Congresso do estica-e-puxa, como item estratégico de articulação para demover desejos contrários à mesa diretora da Câmara dos Deputados, parece não ter tido o efeito esperado ao presidente Lira que, mesmo sentindo o amargo da derrota, meio que quis comemorar o fato de somente 11 votos de diferença terem freado a vontade de parte dos congressistas derrotados.
Para ele, perdeu-se uma batalha, mas não a guerra.
Mas…, qual guerra?
A PEC da Vingança, chamada assim, era a proposta de um grupo específico de parlamentares que queria tomar o controle do Ministério Público.
O Congresso, ou parte dele, não queria mais outras operações Lava-Jato nem Dallagnois ou Moros, por isso tentou, e tentava, forçar uma vingança que acabou saindo pela culatra.
No final, apesar de a PEC não ter sido aprovada, sofreu mais uma vez a sociedade com a falta de votações e discussões produtivas e de interesse público, do povo brasileiro.
Perdeu-se tempo, dinheiro e energia em algo que tinha o único objetivo: o desejo de vingança daqueles que não gostam, por alguma razão, do trabalho desenvolvido pelo Ministério Público.
É lamentável que um grupo de pseudo-legisladores reúnam-se com a finalidade de deteriorar uma instituição séria e criada para proteger direitos e zelar pela legalidade das coisas.
Não deu para o senhor Lira e sua trupe – para não dizer gangue – o fantasioso desejo da vingança.
A instituição Ministério Público tem sua independência clara na Constituição que regra deveres e direitos, mas prevê, ao mesmo tempo, punições para aqueles que copiosamente alardearam Brasil afora de que a operação Lava-Jato, ao desagravo de muitos, foi uma ação abusiva de poderes.
A derrota para os corruptos sangra no painel do Congresso quando se lê que por 11 votos faltantes não se alcançou o objetivo de se iniciar a destruição dessa instituição investigativa e denunciativa.
Foi sim um desfecho amargo, mas importante para a sociedade que, reforçamos, merecia ações mais proativas e que ajudassem o Brasil a se desenvolver e a retomar seu crescimento econômico.
Os homens de terno perderam muito tempo e gastaram a paciência do eleitor para discutirem questões de interesse exclusivo de poucos, que só pensam em seu próprio umbigo.
A derrota do senhor Lira e sua trupe é exatamente o oposto para a população que, felizmente, viu uma votação inóqua, mas necessária já que estava em roga, ter um resultado positivo para a democracia.
A tal PEC da Vingança mais estabelecia um controle político de potenciais réus e investigados sobre membros de uma instituição que existe para investigá-los e denunciá-los do que o argumento ruim de políticos, supostamente ilibados, de que seria um controle externo da instituição.
Defendeu bem ontem, durante entrevista no Jornal da Cruzeiro, o promotor de Justiça de Sorocaba Jorge Alberto de Oliveira Marum, quando disse aos jornalistas que o Ministério Público é o defensor do povo contra os abusos da classe política e de governantes.
Declaração reforçada pelo também promotor de Justiça de Sorocaba Antonio Domingues Farto Neto, que participou, nesta manhã, do Jornal da Cruzeiro, e falou da derrotada PEC da Vingança.
Se houve perda de tempo e gasto desnecessário do dinheiro público durante a tramitação equivocada dessa PEC 05, podemos afirmar que, pelo menos, ao final, o resultado foi de 11 a zero para a democracia.
Que prevaleça sempre a independência dos poderes.
Cruzeiro FM, número um em jornalismo!!!
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