O aumento no preço da conta de luz não dará trégua ao consumidor no ano que vem. O reajuste que documentos oficiais do governo e do próprio setor elétrico prevê é superior a 20% em 2022, uma alta que vai turbinar ainda mais a inflação e corroer a renda do cidadão.
O Estadão teve acesso a um documento interno da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), emitido no dia 5 de novembro, no qual o órgão regulador faz uma projeção sobre o impacto financeiro que a crise hídrica terá sobre a conta de luz em todo o País, devido às medidas adotadas para garantir o abastecimento de energia.
“Nossas estimativas apontam para um cenário de impacto tarifário médio em 2022 da ordem de 21,04%”, diz o texto. Considerando dados da própria Aneel, o reajuste acumulado neste ano só para o consumidor residencial já chega a 7,04%.
Nos últimos meses, cada consumidor de energia tem bancado, mensalmente, uma taxa extra incluída na conta para pagar o acionamento das usinas térmicas, que são bem mais caras do que as hidrelétricas. Uma das principais razões de se fazer essa cobrança mensal é evitar que essas contas sejam pagas depois, nos reajustes anuais, como acontecia antes. Ocorre que nem mesmo as bandeiras tarifárias têm conseguido cobrir o rombo atual.
Após analisar as projeções de geração de energia e os custos previstos — incluindo informações do ONS e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica –, a área técnica da agência reguladora concluiu que, até abril de 2022, as “melhores estimativas” apontam para um rombo da ordem de R$ 13 bilhões, “já descontada a previsão de arrecadação da receita da bandeira tarifária patamar escassez hídrica no período”, ou seja, o nível mais alto de cobrança da taxa extra.
O acionamento das usinas térmicas no País não é o único fator que explica o rombo financeiro do setor elétrico e que terá de ser quitado pelo cidadão. Outra fatura estimada em mais R$ 9 bilhões tem origem nas contratações “simplificadas” de energia feitas pelo governo no mês passado. Trata-se de uma “energia de reserva” que será entregue a partir de maio do ano que vem, para dar mais segurança e evitar o racionamento.
Os reajustes são puxados ainda pelo aumento de importação de energia, por meio de contratos firmados com Argentina e Uruguai.
Com informações da Agência Brasil
Foto: Arquivo/ Agência Brasil
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