Quatro religiosos do Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, são investigados pelo Ministério Público por abuso sexual nas dependências da instituição, caso que motivou a intervenção do Vaticano. A informação foi revelada no domingo pelo programa Fantástico e confirmada pelo Estadão Conteúdo. O abade responsável pelo mosteiro foi afastado. A intervenção ocorre desde abril, e as eleições para o substituto estão suspensas. Os suspeitos foram ouvidos pela polícia e negam as acusações.
Nesta semana, a Igreja Católica passou a adotar medidas mais rígidas contra pedofilia e assédio sexual na revisão mais abrangente em quatro décadas, com regulamentos mais duros para clérigos que abusam de menores e adultos vulneráveis ou cometem fraudes.
As acusações são feitas por dois jovens, que teriam sofrido assédio sexual quando ainda eram menores. Os crimes teriam ocorrido entre os anos de 2016 e 2018. Entre os monges denunciados estão Rafael Bartoletti, conhecido como irmão Hugo; Marcílio Miranda Proença, chamado de Dom Francisco, que morreu em 2020 de Covid-19; e João Baptista Barbosa Neto, conhecido como Dom João Batista.
Uma das vítimas contou ao programa da TV Globo que os abusos começaram quando ele tinha 16 anos. O primeiro a assediá-lo teria sido Bartoletti.
Outro rapaz, que foi alfaiate no mosteiro, afirma que sofreu abusos aos 17 anos. O jovem entregou à polícia uma série de mensagens trocadas com Bartoletti. A vítima alegou que pediu ajuda ao monge Marcílio Miranda Proença. Mas, segundo o rapaz, o sacerdote também passou a assediá-lo.
Em nota enviada ao Fantástico, o Mosteiro de São Bento informa que os denunciados foram afastados e respondem não só perante a lei civil mas também à Justiça eclesiástica. Após mais de um ano de investigação, quatro religiosos (dois noviços e dois monges) foram acusados de abuso sexual pelo MP em junho do ano passado. Proença morreu em dezembro de 2020, e os outros ainda respondem ao processo. E não há data para esse julgamento ocorrer. Ao Estadão, o MP disse que não passaria informações sobre o caso, pois está em segredo de Justiça.
O advogado Roberto Crunfli Mendes, do escritório Paz Mendes Sociedade de Advogados, que defende o monge Rafael Bartoletti, chama a acusação de “infundada”. Em nota, afirma que o cliente “comprovará sua inocência por todos os meios e elementos de provas admitidos”. Mendes evita, porém, mais comentários, também em razão do sigilo de Justiça.
De acordo com o mosteiro, Irmão Vitor, outro acusado, foi afastado logo após o início da intervenção e desistiu da vida monástica. Já Dom João Batista está afastado do mosteiro enquanto os processos eclesiástico e civil se desenvolvem. As defesas dos dois não foram encontradas.
Com informações do Jornal Cruzeiro do Sul
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