Editorial

Editorial: Isso é uma vergonha! (24/12/2021)

Apesar de os deputados federais que representam a Região Metropolitana de Sorocaba terem votado contra o aumento do Fundo Eleitoral, conhecido como Fundão, para 5 bilhões e 700 milhões de reais, o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias do governo federal foi aprovado pelo Congresso Nacional.

De todos os deputados que representam nossa região, apenas o deputado federal Herculano Passos votou favoravelmente a esse reajuste obsceno.

Na atual conjuntura econômica, os congressistas deveriam ter avaliado melhor e não aprovado essa vergonha nacional.

Nas últimas eleições, o Fundão representava praticamente três vezes menos do valor aprovado na sexta-feira da outra semana.

A derrubada do veto do presidente da República, Jair Bolsonaro, contrário a esse reajuste alarmante, garantiu aos nobres legisladores uma quantia bastante significativa para fazerem suas campanhas eleitorais do próximo ano.

Quando vetou esse trecho da LDO, Bolsonaro argumentou sensatamente que a medida contraria plenamente o interesse público.

Para se ter uma ideia, a equipe econômica defendia a reserva de 2 bilhões e 100 milhões de reais para o tal Fundo Eleitoral, valor que consta da proposta de orçamento.

Na terça-feira, porém, o Congresso aprovou o relatório final do Orçamento de 2022, apresentado pelo relator, deputado Hugo Leal, do PSD do Rio de Janeiro.

O valor do fundo eleitoral baixou para 4 bilhões e 900 milhões de reais e, mesmo assim, é para fazer rir o mais bobo com um valor estrondosamente gritante.

Essa aberração é o maior volume de dinheiro público despejado em campanhas políticas na história.

Agora, some a isso o valor 1 bilhão e 100 milhões de reais de outro fundo público, que banca as estruturas partidárias, mas também abastece as candidaturas?

É uma deslealdade ao eleitor, ao pai e à mãe de família que têm de suar a camisa todos os dias na labuta, faça sol ou faça chuva, para ganhar seu sustento de cada dia e ainda torcer para que o valor recebido possa cobrir todas as despesas da casa.

Esticar o dinheiro do mês é prática diária do cidadão brasileiro que tem de conviver com um sistema nefasto e surrupiador das divisas federais saldadas com o dinheiro do imposto do brasileiro.

O pior é que no ano que vem, em 2022, o cidadão vai ter de aguentar candidatos sorridentes e simpáticos afirmando que vão trabalhar em prol do povo e que vão melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Pura falácia!

Depois de eleito, esquecem do cidadão, do eleitor, e começam a articular-se com o objetivo de sangrar um pouco mais os cofres públicos.

Felizmente, podemos dizer que, em meio a essa majoração repulsiva do poder, ainda há políticos que buscam fazer seu melhor.

De fato, não podemos generalizar nem colocar todo mundo em uma mesma vala, porém, a revolta do cidadão com esse sistema carcomido acaba se transformando em um choro engolido, justamente porque o indivíduo se sente quase que impotente diante de decisões espúrias como a do Fundão.

É uma pena vermos governos passarem e a situação confortável desses congressistas indolentes se eternizando.

É preciso buscarmos a mudança de fato, fazermos de nosso voto a arma certa para que essa mudança aconteça.

Em um país que precisa de mais saúde, mais educação, mais segurança, usar um orçamento bilionário para campanha política é, sem dúvida nenhuma, um ato belicoso contra a população.

Ainda mais durante uma pandemia que assolou todo o planeta e que continua ameaçando com suas variantes.

É preciso lembrarmos de que no Brasil mais de 19 milhões de pessoas estão sem comida na mesa por conta da falta de emprego, de dinheiro e frente a uma inflação quase que aniquiladora.

A fome no Brasil avançou muito nestes dois anos, conforme levantamento mais recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

A pesquisa indicou que no total 19,1 milhões de cidadãos se enquadram nesse perfil, ou 9% da população brasileira.

A mesma entidade traz um dado tão alarmante quanto o citado há pouco.

Segundo a pesquisa, a pandemia de Covid-19 colocou cerca de 116,8 milhões de brasileiros em algum grau de insegurança alimentar — leve, moderado ou grave.

Aí, vem congressistas, que pouco se importam com a realidade do povo brasileiro, e aumentam o Fundo Eleitoral para financiar suas campanhas eleitorais.

Como diz Boris Casoy: “Isso é uma vergonha!”

Cruzeiro FM, número um em jornalismo!!!

Cibelle Freitas
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