Jornalismo

Quase 53 mil sorocabanos não se vacinaram

Quase 53 mil sorocabanos não se vacinaram contra a Covid-19, o equivalente a 8% do munícipes aptos a se vacinar. Não há dados oficiais sobre o número de pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose dos imunizantes. Por isso, o cálculo foi pelo próprio Cruzeiro do Sul, com o auxílio de Sarah Tanus, professora de matemática e cálculo da Universidade de Sorocaba (Uniso). A estimativa baseou-se em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria da Saúde (SES). É uma iniciativa do jornal de mostrar como está o andamento da vacinação na cidade.

As informações disponíveis são as seguintes: 609.221 sorocabanos já tomaram pelo menos a primeira dose da vacina, segundo a Secretaria da Saúde (SES). A cidade tem 695.328 habitantes, conforme estimativas de 2021 do IBGE. Deste total, 36.509 (8%) são crianças de 0 a 4 anos, de acordo com o censo de 2010 do instituto, o mais recente.

A partir desses números, para obter resultado mais próximo da realidade possível, o Cruzeiro do Sul utilizou a fórmula de proporção básica. Com orientação de Sarah, o jornal subtraiu o número de menores de 5 anos do total da população. Isto porque esse público ainda não recebe o imunizante. Assim, sobraram 658.819 pessoas vacináveis. Depois, deste total, foram subtraídos os 609.221 moradores imunizados ao menos com a primeira aplicação. Com isso, o resultado foi de 52.958 sorocabanos ainda não vacinados.

A quantidade é bastante aproximada e pode variar, porque os dados do IBGE estão desatualizados. O número de crianças de 0 a 4 anos pode ter aumentado desde 2010. A informação deveria ter sido atualizada em 2020, por meio do censo. Porém, à época, a pesquisa foi adiada, devido à pandemia, e deve ocorrer este ano. Além disso, a população geral também já pode ter crescido em relação ao ano passado.

Cenário da vacinação

Segundo informou a SES ao Cruzeiro do Sul no dia 4 de fevereiro, 228.343 pessoas não completaram o ciclo vacinal. Destas, 62.179 não tomaram a segunda dose e 166.164, a terceira. Apesar disso, a cidade já aplicou, até o momento, 1.432.368 doses. Deste total, 609.221 são de primeira dose; 526.272, de segunda; 272.965, de terceira; e 8.035, da dose única. Na ocasião, a SES disse não ter dados sobre não vacinados justamente devido à desatualização das informações do IBGE. Considerando apenas o número de primeiras doses, pode-se dizer que a cobertura vacinal no município está em aproximadamente 88%.

Fake news

Para a infectologista Naihma Salum Fontana, as fake news são a principal influência negativa nos índices de vacinação. De acordo com ela, o tipo, a velocidade de produção e os efeitos colaterais das vacinas motivaram a propagação de notícias falsas. Com isso, muitas pessoas acreditaram em informações equivocadas e decidiram não se vacinar.

Por isso, ela destaca ser importante sempre verificar a veracidade dos conteúdos em fontes confiáveis. “Pega a informação e procura ver se nos jornais, nas revistas e nos meios televisivos mais tradicionais, que têm reputação, estão falando a mesma coisa”, orientou.

A especialista ainda reforça que todos os imunizantes disponíveis são seguros e eficazes. Conforme a médica, eles foram produzidos em consonância com todos os padrões de segurança exigidos pelos órgãos de saúde reguladores. Igualmente cumpriram e foram aprovados em todas as etapas necessárias. Além disso, enfatizou, a maioria das vacinas pode causar efeitos colaterais, mas reações comuns e não letais. “Apesar do que as fake news dizem, não houve nenhum óbito relacionado à vacina (contra Covid) até agora”, afirmou.

Segundo Naihma, vacinados têm menos chances de desenvolver quadros mais graves de doença e de serem internados. Além disso, transmitem menos o vírus. “Uma pessoa vacinada que sofre uma infecção leve transmite pelo menos dez vezes menos que uma pessoa não vacinada, com a mesma apresentação da doença”, disse.

Neste sentido, lembra a infectologista, que ao se imunizar, a pessoa protege a si mesma e aos outros, bem como colabora para frear a pandemia. “Uma pessoa (não vacinada) pode ter a forma leve, mas pode passar para alguém que não vai evoluir tão bem”, comentou. Por isso, ela aconselha que todo mundo se vacine. “Sendo uma medida de saúde pública coletiva, claro que eu me projeto individualmente, mas muito mais importante é o coletivo”. 

As informações são do Jornal Cruzeiro do Sul. Reportagem: Vinicius Camargo.

Cibelle Freitas
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