Em fevereiro, o faturamento do turismo nacional cresceu 17,8%, na comparação com o mesmo período de 2021. Em termos absolutos, o setor faturou R$ 13,2 bilhões. Esta variação tem se mantido positiva por 11 meses.
Em comparação ao segundo mês de 2020, porém, o saldo ainda é negativo (-15,7%): redução de quase R$ 2,5 bilhões em termos monetários.
Os números são do levantamento do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dentre os segmentos, o destaque do mês ficou por conta do transporte aéreo, que registrou alta anual de 53,1%, faturamento de R$ 3,6 bilhões. Os números positivos podem ser explicados pela volta a uma relativa normalidade após o auge de casos da variante ômicron; além disso, muitas famílias também aproveitaram os últimos dias do mês, às portas do carnaval, para viajar. Contudo, mesmo com a forte recuperação, o nível do faturamento ainda está 22,7% abaixo do período pré-pandemia.
O grupo de hospedagem e alimentação faturou R$ 3,9 bilhões, alta anual de 13,4% – 22% abaixo do observado em fevereiro do ano passado.
A taxa de ocupação hoteleira subiu 53,3% no mês, na comparação anual, segundo dados do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). Já a receita por quarto disponível (RevPAR) cresceu 86,6%, embora esteja num patamar inferior a 2019.
O transporte terrestre – que inclui ônibus intermunicipal, interestadual e internacional, além de trens turísticos e similares – registrou aumento do faturamento de 7,9% no contraponto anual. O nível atual de R$ 2,3 bilhões se aproxima do observado no período pré-pandemia (embora 0,6% abaixo). Com o aumento expressivo das passagens aéreas em março, a perspectiva é de que o grupo cresça ainda mais.
Outras variações positivas foram observadas nos setores de transporte aquaviário (12,7%); atividades culturais, recreativas e esportivas (7,2%); e locação de meios de transporte, agência, operadoras e outros serviços de turismo (1,8%).
Inflação e juros dificultam retomada
Embora algumas pessoas tenham deixado de viajar durante a pandemia e economizaram para fazê-lo num momento mais propício – o que gerou uma demanda reprimida que deve manter o setor aquecido ao longo do ano –, a inflação tem limitado os gastos, até mesmo com os bens de consumo essenciais. Além disso, os juros são outro desafio. Muitas famílias optam pelo pagamento parcelado, e os juros se acumulam no valor final, dificultando a aquisição de serviços ligados ao turismo.
Para Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, os dados positivos apresentados nos últimos 11 meses é uma excelente notícia, pois sinaliza que, em breve, o setor pode voltar a gerar empregos. Entretanto, ainda serão necessários meses (ou, talvez, anos) para a retomada do mesmo volume de recursos gastos no turismo em 2019 e 2014 (os dois melhores anos da década passada para a área).
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