Aliados do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, João Doria, decidiram judicializar a disputa e devem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar garantir o resultado das prévias do partido, realizadas em novembro do ano passado.
O pano de fundo do movimento do ex-governador de São Paulo é a perspectiva de que ele não seja anunciado como o cabeça de chapa da chamada terceira via na corrida pelo Palácio do Planalto.
Na quarta-feira (18), segundo anunciaram os dirigentes de PSDB, MDB e Cidadania, serão apresentados os resultados de uma pesquisa que vai nortear a definição da chapa única do chamado centro democrático.
Realizado pelo Instituto Guimarães Pesquisa e Planejamento, o levantamento deve levar em consideração tanto critérios de pesquisa quantitativa, quanto qualitativa —cenário que, em tese, seria mais vantajoso para a senadora Simone Tebet (MDB).
Neste domingo (15), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa de Doria. Nas redes sociais, o tucano, que é presidente de honra do PSDB, afirmou que as decisões tomadas em prévias partidárias devem ser obedecidas.
“Agiu bem o candidato João Doria. Ressaltando que o resultado das prévias deve ser respeitado”, escreveu.
Horas depois, o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, também usou as redes sociais para responder a FHC.
“Caro FHC, com todo respeito, em nenhum momento dos diálogos em busca da candidatura única da terceira via e desde quando ainda lá participava o União Brasil, as prévias do PSDB sempre foram acatadas: João Doria era o candidato do PSDB. O da unidade poderá ser ou não. Com admiração.”
Neste sábado (14), em carta enviada ao presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, Doria chamou de “tentativa de golpe” a contratação de uma pesquisa para definir a candidatura única do grupo. O documento é tido como o primeiro passo para a judicialização da disputa interna do PSDB.
Na carta, também assinada pelo advogado de Doria, Arthur Rollo, o ex-governador diz que o próprio TSE já teria decidido, “em diversas oportunidades”, que “deve ser prestigiada a democracia partidária”.
“Segundo a ligação do então ministro Sepúlveda Pertence, extraída do acórdão TSE nº 2.163, de 01/03/1994, ‘…o que se chama de prévias não são as prévias americanas, que elegem eleitores à convenção, mas uma pesquisa de opinião dentro do partido, para que orientação seja da Comissão Executiva, seja do seu Presidente’”.
Diante da carta, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, convocou para terça-feira (17) uma reunião ampliada da Executiva Nacional da sigla, com a presença das bancadas tucanas da Câmara e do Senado.
No comunicado de chamamento para o encontro extraordinário do partido, Araújo afirmou que todas as negociações com os demais partidos do grupo em torno de uma candidatura única tiveram “notória anuência” de Doria e que a contratação da pesquisa foi referendada pela Executiva do partido.
“O Brasil vive um momento grave de nossa história em que o PSDB e outros partidos do centro democrático têm a obrigação de oferecer uma alternativa à sociedade brasileira”, escreve o presidente nacional do PSDB.
Procurado pela CNN, Doria disse que vale a manifestação de seus aliados. Também procurado, Araújo disse que não iria se manifestar.
Com informações da CNN Brasil.
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