Ser uma democracia ocidental estruturada em uma economia de mercado, e estar localizado próximo aos mercados europeu e norte-americano ajudará o Brasil a se beneficiar da busca cada vez maior de outros países por segurança energética e alimentar. Mas para garantir essa posição, é fundamental que o país se destaque também como uma potência verde que preserva recursos ambientais e avança na transição para fontes limpas de energia.
Estas foram as previsões apresentadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quarta-feira (18) durante o Congresso Mercado Global de Carbono – Descarbonização & Investimentos Verdes. O evento, do qual participam ministros, secretários, empresários e autoridades, segue até sexta-feira (20) no Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
“O Brasil já é uma potência verde, energética e alimentar. Essa ficha caiu para o mundo”, disse o ministro ao abrir seu discurso, no qual destacou a relevância deste papel na relação com outros países em um contexto de pós-pandemia de covid-19, seguido de uma guerra que alterou as cadeias produtivas globais.
Segundo ele, a pandemia fez o mundo mergulhar em uma economia digital. Já a guerra entre Rússia e Ucrânia resultou em “um problema muito mais urgente para os europeus: está faltando tanto a energia que era fornecida pela Rússia, como os grãos que eram fornecidos pela Ucrânia”, disse o ministro.
Guedes acrescentou que esse contexto mostrou ao mundo a relevância de dois “conceitos-chave” reforçados pelos EUA e pela Europa: o nearshore, que é a busca por negócios com países geograficamente próximos, de forma a facilitar a logística; e o friendshore, conceito relacionado a países mais confiáveis.
“Qual é a única plataforma de amigos que estão perto? É a do Brasil. Essa ficha caiu para os outros países”, disse Guedes. “Estamos perto, do ponto de vista de logística, e ao mesmo tempo somos confiáveis porque somos uma democracia com economia de mercado”, acrescentou.
Ainda segundo o ministro, um outro fator que é buscado pelas outras economias é o relativo à questão ambiental. Para ele, é fundamental que o país avance na transição para uma economia mais sustentável do ponto de vista ecológico.
Nesse sentido, Guedes destacou que a imagem do país tem mudado. A percepção do ministro tem, como base, conversas mantidas com autoridades estrangeiras. “Éramos visto como problema [do ponto de vista] climático para o mundo, percebidos como poluidores. Isso mudou”, disse.
Nessas conversas, Guedes tem reiterado a intenção brasileira de “taxar poluição, aplicando impostos para quem polui; de estimular inovações que usem tecnologias de despoluição; e de premiações, via remunerações àqueles que preservam recursos ambientais”.
A preocupação com a questão da sustentabilidade está cada vez mais presente também nos grandes grupos econômicos e financeiros do exterior, conforme disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também participou do Congresso Mercado Global de Carbono. Segundo ele, o Brasil tem muito a se beneficiar do mercado de crédito de carbono.
Na avaliação de Campos Neto, “sustentabilidade, hoje, é igual à produtividade”, disse pouco antes de classificar como “engenhoso” o mercado de crédito de carbono, por possibilitar, a cada país, internalizar os benefícios da redução de suas próprias emissões de carbono.
“Escuto muitos falarem de imposto de carbono. Em alguns casos, acredito ser justificável achar que um governo que cobra imposto e faz alocação lógica faz um bem”, disse. “Em 2008 [durante a crise financeira internacional], esse mercado se retraiu na Europa. Mas hoje vemos uma situação completamente diferente, após termos tido diversos impactos climáticos”.
O presidente do BC acrescentou que o Brasil tem se destacado por seu potencial de energia e agricultura limpas e, agora, pelos investimentos sustentáveis. “Este é um tema de fluxo de investimentos”, resumiu após lembrar que a nova divisão geopolítica decorrente da guerra na Europa representa também uma oportunidade para o Brasil, “na qual se procura países produtores de insumos, para se atingir o equilíbrio”
Nesse processo visando o desenvolvimento do mercado de carbono, Campos Neto destacou a necessidade de se criar fundos de investimentos focados em políticas de governança para a questão ambiental.
*Informações de Agência Brasil
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