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Ministério da Saúde investiga três casos suspeitos de varíola dos macacos no país

O Ministério da Saúde informou, nesta segunda-feira (30), que acompanha a investigação de dois casos suspeitos de varíola dos macacos no país, nos estados do Ceará e Santa Catarina. Informações apuradas pelo jornalista da CNN Kenzô Machida indicam um terceiro caso suspeito em investigação no Rio Grande do Sul.

De acordo com o ministério, não há casos confirmados da doença no Brasil até o momento.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará, que realiza o monitoramento, o caso suspeito é de um morador de Fortaleza. Foram adotadas medidas como isolamento domiciliar, busca de contatos e coleta de material para exames, que está em andamento. Segundo a secretaria, não foi identificado deslocamento para áreas em que foram confirmados casos ou contato com pessoas com a doença.

A paciente de Santa Catarina buscou atendimento na atenção primária no dia 26 de maio, relatando tosse, febre, dores musculares (mialgia) e de cabeça (cefaleia). Na consulta, foram identificadas lesões no corpo. O exame físico revelou a presença de erupções cutâneas no rosto, couro cabeludo, boca, tórax, abdômen, pernas e braços e na região genital.

Já o caso suspeito do Rio Grande do Sul é de um paciente com viagem da cidade de Porto, em Portugal, que realiza tratamento antirretroviral. O paciente chegou ao Brasil no dia 10 de maio e apresentou quadro de dor de cabeça e aumento dos gânglios do pescoço e na região da virilha no dia 13, além de relato pessoal de febre.

Cenário epidemiológico
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, no domingo (29), um comunicado com a atualização do cenário epidemiológico da varíola dos macacos no mundo. De acordo com a OMS, foram confirmados laboratorialmente 257 casos em 20 países considerados não endêmicos para a doença.

Segundo o levantamento, cerca de 120 casos suspeitos em 23 países também foram relatados à OMS, sendo que nenhuma morte foi reportada. Os dados consideram as estimativas da OMS até o dia 26 de maio.

A entidade alerta que a situação evolui rapidamente e mais casos devem ser identificados à medida que a vigilância se expande em países não endêmicos, bem como em países conhecidos como endêmicos que não relataram casos recentemente.

A OMS afirma que as investigações epidemiológicas estão em andamento e que a maioria dos casos notificados até agora não tem vínculos de viagem estabelecidos para uma área endêmica. Além disso, os casos foram identificados por meio de unidades de saúde de atenção primária ou serviços de saúde sexual.

A identificação de casos confirmados e suspeitos da doença sem ligações diretas de viagem a uma área endêmica é considera atípica pela OMS.

A epidemiologia preliminar das infecções iniciais notificadas à OMS pelos países mostra que os casos foram notificados principalmente entre homens que fazem sexo com homens (classificação técnica que inclui gays, bissexuais e pessoas que não se identificam com alguma dessas orientações).

De acordo com a OMS, um caso de varíola em um país não endêmico é considerado um surto. O aparecimento súbito da varíola dos macacos simultaneamente em vários países não endêmicos sugere que pode ter havido transmissão não detectada por algum tempo, bem como eventos amplificadores recentes.

Sobre a varíola dos macacos
A doença é causada por um vírus que pertence ao gênero ortopoxvírus da família Poxviridae. Existem dois grupos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central).

O vírus da varíola dos macacos é transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. O período de incubação é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.

Várias espécies animais foram identificadas como suscetíveis ao vírus da varíola dos macacos, incluindo esquilos, ratos, arganazes, primatas não humanos e outras espécies. De acordo com a OMS, são necessários mais estudos para identificar os reservatórios exatos e como a circulação do vírus é mantida na natureza. A ingestão de carne e outros produtos de origem animal mal cozidas de animais infectados é um possível fator de risco.

A varíola geralmente é autolimitada, mas pode ser grave em alguns indivíduos, como crianças, mulheres grávidas ou pessoas com imunossupressão devido a outras condições de saúde.

As infecções humanas com o tipo de vírus da África Ocidental parecem causar doenças menos graves em comparação com o grupo viral da Bacia do Congo, com uma taxa de mortalidade de 3,6% em comparação com 10,6% para o da Bacia do Congo.

O diagnóstico diferencial clínico inclui outras doenças exantemáticas, como catapora, sarampo, infecções bacterianas da pele, sarna, sífilis e alergias associadas a medicamentos. A alteração do tamanho dos linfonodos (linfadenopatia) pode ser uma característica clínica para distinguir a doença.

Os países endêmicos da varíola dos macacos são: Benin, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Gana (identificado apenas em animais), Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul.

Caio César
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