A aposentada Alice Negretti Masuela tem 95 anos, completados na última quarta-feira (8), e acumula vasta experiência de vida. Por outro lado, aos 9 anos, o estudante do terceiro ano do Ensino Fundamental Luiz Felipe Muniz Zuliani está apenas iniciando seu aprendizado. Apesar da grande diferença de idade, a idosa e o garoto têm em comum o hábito de ler todos os dias o jornal Cruzeiro do Sul. Ambos são a prova de que o matutino alcança, há 119 anos, comemorados hoje (12), todas as gerações. Essa capacidade se deve ao fato de se adequar às novas realidades constantemente, mas manter-se sempre fiel ao seu compromisso de informar com qualidade.
Fundado em 1903, o diário sorocabano é, atualmente, um dos 29 jornais impressos em circulação há mais de um século no Brasil, segundo a Associação Nacional de Jornais (ANJ). O Cruzeiro foi criado pelos irmãos Joaquim Firmino de Camargo Pires (Nhô Quim Pires) e João Clímaco. Teve vários donos até ser comprado por membros da Loja Maçônica Perseverança III (PIII), em 1963. Em 1964, foi instituída a Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), que passaria, então, a ser a sua mantenedora. À época, os integrantes da PIII doaram as ações adquiridas para a FUA.
O diário começou pequeno, mas, com o passar do tempo, cresceu e se adequou, sobretudo, às transformações tecnológicas. Pioneiro, foi o primeiro jornal do interior do País a adotar o sistema de impressão off-set e o primeiro a substituir as máquinas de escrever por computadores. Foi, ainda, a segunda publicação brasileira a ser impressa em cores todos os dias. Na internet desde 1998, também é um dos primeiros sites de notícias do Brasil fora das capitais.
Atualmente, a média de visualizações de páginas no portal www.jornalcruzeiro.com.br chega a 1,4 milhão. Além disso, o número de usuários únicos no site é de 570 mil por mês. Já a tiragem é mais de 19.400 exemplares. Conforme o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), responsável pela auditoria de mídia no País, o Cruzeiro ocupa a quarta posição no ranking de tiragem, entre 12 jornais. No âmbito nacional, está em 17º lugar, em uma lista de 37 publicações.
O Cruzeiro utiliza vários canais para alcançar o leitor onde ele estiver. As redes sociais, nas quais soma 406.900 seguidores, fazem parte desses meios. São 301.700 seguidores na página do Facebook, 87.500 no Instagram e 17.700 no canal do Youtube. Independentemente da plataforma, o jornal segue o seu princípio de levar conteúdo confiável. Igualmente, se mantém firme ao propósito de proporcionar bem-estar aos sorocabanos e contribuir com o desenvolvimento da cidade.
Preservação da história
Laelso Rodrigues, membro do Conselho de Administração da FUA, já fazia parte da entidade quando o jornal foi adquirido por ela. Segundo o único instituidor vivo da fundação, a ideia da compra foi garantir a preservação da história de Sorocaba, por meio do matutino.
Rodrigues frisa que o objetivo foi alcançado, pois o jornal possui o Projeto Memória, uma espécie de arquivo digital. Nele, é possível ter acesso a todas as edições digitais. “Qualquer pessoa pode acessar, a qualquer hora e em qualquer lugar, toda a nossa história, tudo o que aconteceu em Sorocaba nesses últimos 119 anos”, explica. “Praticamente, nós somos um cartório da cidade nesses últimos (mais de) 100 anos”, emenda.
De acordo com Rodrigues, a longevidade do Cruzeiro está relacionada a sua capacidade de se modernizar. Para ele, embora haja dificuldades, procura sempre se adequar ao tempo, para seguir “vivo e atuante”. “É por isso que nós continuamos sendo, hoje, um dos maiores jornais do interior de São Paulo e do Brasil”, pontua.
O presidente do Conselho de Administração da FUA, Hélio Sola Aro, concorda. Segundo ele, os jornais impressos passam por transformações e desafios diários no mundo, e o Cruzeiro do Sul está dentro desse contexto. Dessa forma, são adotadas novas estratégias, frequentemente, para adequar o impresso e outros formatos às mudanças tecnológicas.
A intenção desse trabalho é atender, com eficiência, às necessidades dos leitores. Outro propósito é manter o matutino na vanguarda da área de comunicação. “São ações cotidianas para manter o vigor das informações nas páginas impressas. Estamos nos modernizando, também, nas plataformas digitais, com o jornal disponível, na palma da mão, tanto no sistema Android, como no da Apple. Um jeito rápido e prático para uma leitura agradável”, comenta.
Além das adaptações, o presidente da FUA atribui a conservação do jornal à transmissão de informações verdadeiras, da forma mais correta possível e sem vieses. “Um jornal que preserva sua essência principal de informar, permitindo que cada leitor interprete as notícias do seu ponto de vista”, diz. Neste sentido, o presidente do Conselho Editorial do Cruzeiro do Sul, Marco Aurélio Laham Dottore, assinala que, com a disseminação das fake news, a credibilidade do jornal tornou-se fator ainda mais importante.
Conforme lembra Dottore, hoje, há muitas notícias falsas, sobretudo, na internet. Por isso, as pessoas devem buscar informações nos veículos de comunicação tradicionais e críveis, como o Cruzeiro. “Nossos leitores sabem, com certeza, que, se saiu no Cruzeiro, é verdade. Somos uma fonte confiável, e nossos leitores sabem disso”, frisa.
Para o presidente da FUA, a agilidade e o contato próximo com os leitores também são pontos de destaque do Cruzeiro. Hélio Sola Aro acredita que os dois pontos estão diretamente relacionados e se fortalecem, influenciando no resultado do trabalho. Ele cita, inclusive, a rapidez na divulgação de informações como fator primordial do bom jornalismo. “As informações, publicadas nas redes sociais assim que acontecem, fortalecem nossa parceria com o leitor, que gosta de estar sempre bem informado. Os textos do impresso se transformam em notícias instantâneas, um caminho que deve ser abraçado por todos”, avalia.
Já para Dottore, o fato de o diário ser administrado por uma entidade sem fins lucrativos — a Fundação Ubaldino do Amaral — é outro diferencial. A FUA atua em três pilares sociais — Comunicação, com o Cruzeiro do Sul; Educação, por meio do Colégio Politécnico; e Filantropia, com o assessoramento a entidades assistenciais.
A fundação é administrada por um Conselho Superior e pela diretoria. Todos os 80 conselheiros e diretores trabalham de forma voluntária e abnegada, sem receber qualquer remuneração. Conforme Dottore, a sinergia desse grupo contribui para o resultado da atuação do jornal. “Um grupo eclético, com convicções e pensamentos diferentes, mas que converge sempre para o melhor do jornal, de nossas instituições e de nossa cidade”, considera.
Não é todo o dia que um jornal completa 119 anos. Assim, Hélio Sola Aro considera esse feito digno de comemoração. “É uma alegria enorme participar ativamente dessa comemoração dos 119 anos do Jornal Cruzeiro do Sul, um jornal que representa a cidade e a região”, diz. “Feliz 119 anos, jornal Cruzeiro do Sul! Parabéns a toda a equipe, funcionários, colaboradores, diretores, assinantes e leitores”, acrescenta.
O Cruzeiro do Sul, por conta de sua versatilidade, é um companheiro fiel para pessoas de diversas gerações. Alice Negretti Masuela, de 95 anos, moradora da Vila Santana, assina e lê o jornal integralmente há mais de 40 anos. “A primeira coisa que eu faço de manhã é tomar café e ver o jornal. Ninguém tira da minha mão”, brinca ela.
Por conta de um problema auditivo, a aposentada não escuta adequadamente o som da televisão. Por isso, o matutino é a sua principal fonte de informação. Ela conta que, por meio dele, se mantém atualizada sobre os principais acontecimentos locais, da região, nacionais e até internacionais. Cita, por exemplo, que acompanha, pelas matérias, os desdobramentos da invasão Rússia à Ucrânia.
Durante a pandemia de Covid-19, o veículo de comunicação se tornou ainda mais importante para a idosa. Isto porque, de acordo com ela, era o seu principal canal para saber tudo sobre a crise sanitária. Por meio das notícias, ela viu, entre várias outras coisas, a data para se vacinar contra a doença. O Cruzeiro teve, inclusive, papel fundamental na educação e alfabetização de Alice. “Eu morava em Tatuí, no sítio, e não tinha escola. Então, não ‘tive muita escola’. (Por isso), eu não sabia ler muito bem e aprendi um pouquinho mais com o jornal”, relata.
Neta de Alice, a fonoaudiológa Francine Masuela Garcia, de 39 anos, destaca que a família faz questão de manter a assinatura por conta da avó. “Não pode tirar, porque é a coisa que ela mais gosta. Por ela gostar da leitura, ou está nos livros, ou no jornal”. Segundo Francine, o Cruzeiro é o companheiro inseparável da avó e está com ela em qualquer lugar. “A gente vai para a praia e leva o jornal”, fala. Ainda conforme Francine, a leitora assídua incentiva, inclusive, a família toda a se manter bem informada. “Todos os assuntos que ela viu no jornal de manhã, ela (nos) passa na hora do almoço”, comenta.
O jornal também contribuiu para o processo educacional de Luiz Felipe Muniz Zuliani, de 9 anos, morador do Parque Ouro Fino. Leitor há quatro anos, ele teve o primeiro contato com o Cruzeiro por meio das palavras cruzadas e caça-palavras. “Eu aprendi a ler com sete anos, mas eu já fazia caça-palavras com cinco”, referindo-se ao fato de ter começado a fazer os passatempos no jornal antes mesmo de aprender a ler.
Influenciado pelo avô, o menino diz gostar de todo o jornal, mas a seção de piadas é a sua favorita. Ler os textos engraçados do suplemento semanal Cruzeirinho — dirigido ao público infantil — junto com o vovô é o seu programa preferido. Todos os dias, após sair da escola, Luiz Felipe vai para a casa dele, abre a edição mais recente e se diverte.
O garoto considera o matutino uma fonte de ensinamento. Ele elenca que aprende a fazer várias coisas a partir de reportagens do Cruzeirinho, quando é apresentado o passo a passo. Já teve, inclusive, um desenho publicado no caderno. Além disso, com as notícias, fica informado e amplia os seus conhecimentos. Para ele, o repertório mais completo o auxilia até mesmo em sala de aula. “Me ajuda a ir melhor na escola e me deixa mais inteligente”, afirma.
Reportagem de Vinícius Camargo
JORNAL CRUZEIRO DO SUL
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