Responsável por 70% de tudo aquilo que é produzido no Brasil, o setor de serviços driblou o cenário de inflação e juros em níveis elevados para guiar o crescimento da economia nacional no segundo trimestre de 2022. O movimento positivo limita as perdas recentes das atividades industriais e do comércio.
Conforme as prévias divulgadas pelo BC (Banco Central) e pela FGV (Fundação Getulio Vargas), o PIB (Produto Interno Bruto) — soma de todos os bens e serviços produzidos no país — vai encerrar o período compreendido entre os meses de abril e junho no campo positivo.
Os dados oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) serão revelados na próxima quinta-feira (1º) e devem confirmar o quarto trimestre consecutivo de crescimento da economia do Brasil.
Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB, da FGV, avalia que o desempenho positivo da economia foi motivado pelo consumo das famílias e pela formação bruta de capital fixo. “Os estímulos aplicados à economia, como a liberação do FGTS e a redução dos preços de alguns produtos considerados essenciais, surtiram efeito positivo, pelo menos em curto prazo”, afirma.
Para o economista e membro do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) Carlos Caixeta, o desempenho do segmento de serviços foi potencializado por medidas para estimular o consumo após a redução das restrições de circulação para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus no país.
“O setor de serviços potencializa o desempenho pela maior circulação de pessoas, menor dependência de financiamentos, que estão mais caros pela alta da Selic, e aumento dos gastos estimulado pela liberação de saques extraordinários do FGTS, antecipação do 13º salário para aposentados, Auxílio Brasil ‘turbinado’ e redução das alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia”, afirma.
O volume de serviços prestados Brasil abriu o segundo trimestre em queda de 0,2%, mas garantiu a recuperação nos meses seguintes, com ganho de 2,2% desde março deste ano. O desempenho coloca o setor em um patamar 7,5% acima do nível de fevereiro de 2020, o último mês sem as medidas de isolamento social.
Por outro lado, a trajetória da indústria e do comércio, que também têm participação significativa no PIB nacional, perdeu força e esses setores fecharam o trimestre com perdas de, respectivamente, 0,4% e 1,4%, no mês de julho, segundo dados do IBGE.
“O desempenho [do PIB] foi influenciado em junho, em especial, pela expansão do setor de serviços [+0,7%]. Há algumas atividades que não retomaram totalmente ao patamar pré-pandemia, o que pode favorecer o setor no terceiro trimestre. Em contrapartida, o comércio registrou estabilidade e a indústria apresentou queda no mês”, explica o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.
Com informações do Portal R7.
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