Editorial

Editorial: Nunca é tarde para começar 24/02/2023

O povo sorocabano mostra, mais uma vez, que é solidário e que se preocupa com o próximo.

Até o início da tarde de ontem, o Fundo Social de Solidariedade da cidade, que mobilizou a população sorocabana para ajudar as vítimas das chuvas que atingiram o litoral norte do Estado, arrecadou, em uma ação de apenas dois dias, mais de 20 toneladas de alimentos, 5 mil litros de água, 50 colchões e mais de 100 caixas de roupa.

O caminhão, carregado com os itens doados, partiu do prédio do Fundo Social, na tarde de ontem, rumo à Defesa Civil de São Paulo.

As fortes chuvas que atingiram a região no final de semana passado foram consideradas as maiores registradas em 24 horas na história do Brasil.

O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) detalhou que o maior acumulado da história havia sido registrado no ano passado, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Na ocasião, a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, quando 241 pessoas morreram.

Em São Paulo, esse número já chegou a 49 mortes e, ainda, há 57 pessoas desaparecidas.

Uma frente fria classificada na Argentina como a mais intensa dos últimos 54 anos foi a responsável pelas fortes chuvas no litoral norte de São Paulo.

A corrente gelada derrubou a temperatura na Argentina e no Sul do Brasil, avançou e estacionou sobre a costa paulista, unindo-se às águas que evaporaram do oceano para formar a tempestade histórica do final de semana passado.

Foram registrados até 600 milímetros de chuva em apenas 15 horas, em cidades como Bertioga e São Sebastião, as mais afetadas.

Ontem, o governo federal autorizou o repasse de mais R$ 2 milhões para três cidades do litoral norte paulista.

Do total, R$ 1,3 milhão vai para Caraguatatuba, R$ 456 mil para São Sebastião e R$ 284 mil para Ubatuba.

As portarias com os repasses foram publicadas na edição de ontem do Diário Oficial da União.

Na segunda-feira, o governo federal reconheceu o estado de calamidade pública em seis municípios paulistas: São Sebastião, Caraguatatuba, Guarujá, Bertioga, Ilhabela e Ubatuba.

Equipes de resgate trabalham em revezamento para encontrar pessoas desaparecidas.

Os trabalhos concentram-se na Barra do Sahy, bairro de São Sebastião, onde várias casas foram soterradas e pessoas foram arrastadas por uma avalanche de lama nas ruas.

Do total de mortos até o momento, 38 corpos já foram identificados e são de 13 homens, 12 mulheres e 13 crianças.

O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, agiu rápido com sua equipe e montou um gabinete na região para articular ações rápidas para garantir o socorro à população.

De imediato, a primeira providência veio com a decretação do estado de calamidade pública das cidades, sendo liberados, também, R$ 7 milhões para a Defesa Civil agir nos municípios envolvidos.

A ajuda partiu de todos os lados, inclusive sociedade civil, setor privado e organizações não governamentais.

Uma ação para arrecadação encabeçada pelo Fundo Social do Estado tem garantido doações em dinheiro, alimentos, roupas e água aos desabrigados.

Apesar da coincidência climática, que provocou as tempestades, e das ações rápidas dos governos estadual e federal, com o apoio de administrações municipais, que auxiliam de maneira imediata os necessitados, uma pergunta fica: Tudo isso poderia ter sido evitado caso ações de prevenção mais eficientes tivessem sido tomadas pelos governos?

As encostas caem por conta, por exemplo, do desmatamento e de construções irregulares na localidade e isso atrapalha o escoamento da água.

A vegetação é um protetor natural eficiente para evitar deslizamentos, mas com as encostas desprotegidas por conta do desmatamento, a água tem facilidade de penetrar no solo e, então, isso, por si só, já se transforma em um elemento de alto risco para os desbarrancamentos, iguais aos que afetaram o litoral norte paulista.

Rodovias construídas ao largo das encostas também são potenciais colaboradores de tragédias.

Em 2020, a Defesa Civil de São Paulo publicou uma lista de situações que tornavam uma determinada área como de risco.

A rápida resposta dos governos para mitigar os estragos e auxiliar os desabrigados é plausível, entretanto, é um momento oportuno para que os gestores públicos comecem a colocar em prática estratégias preventivas de defesa civil.

Entre elas, por exemplo, está o isolamento da população das já conhecidas áreas de risco.

Isso ajudaria, sobremaneira, a evitar novos acidentes naturais com registro de mortes e desaparecimentos de pessoas.

Como está escrito na Constituição: “É dever do Estado, entre outros, garantir o direito à vida.”

Cruzeiro FM, com você o tempo todo!!!

Cibelle Freitas
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