As farmacêuticas Moderna e MSD anunciaram que o tratamento conjunto que estão desenvolvendo contra o melanoma, o tipo mais letal de câncer de pele, irá para a terceira e última fase de testes clínicos. Ele inclui uma nova vacina e um medicamento já utilizado contra a doença.
Serão recrutadas aproximadamente 1.089 pessoas maiores de 18 anos em cerca de 25 países para os testes. As primeiras inscrições já começaram na Austrália, segundo a nota conjunta das empresas. A pesquisa deve levar mais de um ano para ser concluída.
Dados de um estudo intermediário em 157 pacientes indicaram que a combinação da vacina com a imunoterapia Keytruda reduziu o risco de recorrência ou morte em 44% em pacientes com melanoma quando comparada com a utilização apenas de Keytruda, conforme noticiou a agência de notícias “Reuters”.
Kyle Holen, vice-presidente sênior e chefe de desenvolvimento, terapêutica e oncologia da Moderna, classificou o início do estudo de fase 3 como “um marco empolgante e importante”.
Ele destacou que os laboratórios continuarão trabalhando em conjunto para “investigar como a terapia individualizada com neoantígenos pode potencialmente transformar o tratamento da forma mais grave câncer de pele”.
A Moderna e a MSD informaram que planejam expandir o programa para outros tipos de câncer, incluindo o de pulmão de células não pequenas.
A vacina experimental contra o câncer da Moderna foi projetada para preparar o sistema imunológico para gerar uma resposta a tumores específicos.
Ela utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) –que foi utilizado em algumas vacinas para a Covid-19, por exemplo–, uma espécie de “receita” que será decodificada pelo organismo do paciente para a produção de anticorpos.
Essa vacina é “individualizada”, pois será produzida com base na sequência genética do tumor de cada paciente.
Neste caso, a vacina não será utilizada para a prevenção em pacientes que nunca tiveram o câncer, mas para evitar morte ou recorrência em quem já o teve.
A imunoterapia Keytruda, da MSD, já é usada no tratamento do melanoma. Ela estimula o sistema imunológico a atacar os tumores.
Esse estudo é randomizado (pacientes recebem o medicamento/vacina testado ou placebo de forma aleatória), duplo-cego (nem o aplicador, nem o paciente sabem se está sendo usado o placebo ou medicamento/vacina testado) e controlado por placebo e comparador ativo (há comparação entre o tratamento testado e outro já utilizado pela medicina).
A pesquisa visa testar a eficácia e segurança do imunizante. Serão recrutadas aproximadamente 1.089 pessoas maiores de 18 anos em cerca de 25 países para os testes. As primeiras inscrições já começaram na Austrália, segundo a nota conjunta das empresas.
Segundo a Moderna e a MSD, após “remoção cirúrgica completa”, alguns pacientes receberão 1 mg a cada três semanas da vacina –até que sejam aplicadas 9 doses– e 400 mg de Keytruda a cada seis semanas.
Outros receberão apenas Keytruda por aproximadamente um ano “até a recorrência da doença ou toxicidade inaceitável, ou por uma duração total do tratamento de até aproximadamente 56 semanas, o que ocorrer primeiro”.
Segundo as farmacêuticas, o melanoma é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células produtoras de pigmento, com cada vez mais casos mundialmente nas últimas décadas.
Em 2020, ainda de acordo com a nota da Moderna e da MSD, cerca de 325 mil novos casos foram diagnosticados em todo o mundo.
As empresas ressaltam que especialistas estimam que serão diagnosticados cerca de 100 mil novos casos de melanoma e quase 8.000 mortes pela doença apenas nos Estados Unidos neste ano.
O câncer de pele é um dos tipos mais comuns de câncer diagnosticados nos EUA, e o melanoma é responsável pela grande maioria de mortes nos cânceres de pele, finaliza a nota das farmacêuticas.
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