A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu, nesta quarta-feira (4), que o acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça e a equipe dela foi causado por imprudência dos pilotos.
“Apresentamos a conclusão do inquérito com o máximo de respeito. Sabemos que foi um acidente, mas é função da Polícia Civil apontar a causa e materialidade”, declarou o delegado Ivan Lopes Sales.
“É fato que a aeronave se chocou com a torre de transmissão e ela não era sinalizada, mas não era obrigatória a sinalização da torre devido à altura e à distância em que ela está da zona de proteção do aeródromo”, detalhou Sales.
Segundo os investigadores, os manuais da aeronave determinam a conferência de documentos chamados cartas de voo para checar a existência de obstáculos no trajeto. Os peritos mostraram que os pilotos decidiram alongar a chamada perna do vento e estiveram em altura abaixo do esperado para o local.
“Ficou evidenciado que os pilotos ultrapassaram a perna do vento, não respeitando o manual. Ao ultrapassar, saíram da zona de proteção do aeródromo. Neste caso, qualquer responsabilidade de antena, morro e obstáculos, cabia aos pilotos observar”, declarou o delegado.
“O alargamento da perna do vento não é vedado pela aeronáutica. Fica a critério da tripulação, mas entendemos que houve tomada de decisão equivocada de alongamento porque não tiveram ciência das cartas [de voo] e acabaram colidindo”, completou o delegado Sávio Assis Machado Moraes.
“Em face disso, restou evidenciar prática de homicídio culposo por parte dos pilotos. Sendo certo que, ao final do inquérito, foi sugerida a extinção da punibilidade em face da morte dos tripulantes e sugerido o arquivamento do inquérito, concluindo pela negligência e imprudência por parte da tripulação”, disse Moraes.
Um laudo inicial, apresentado pela Polícia Civil em 5 de novembro de 2022, descartou a possibilidade de o acidente ter sido causado por mau tempo. As hipóteses que ficaram em aberto eram de falha humana ou avaria mecânica. A conclusão do inquérito dependia de um laudo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira.
No dia 16 de maio deste ano, o Cenipa apontou um julgamento “inadequado” do piloto que pode ter contribuído para a tragédia. O problema, segundo o documento, era em relação a uma possível decisão equivocada em relação ao “perfil de aproximação para pouso”.
O laudo revela que “a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada”. O fato pode ter levado a aeronave a bater em uma rede elétrica de alta-tensão, o que causou a queda.
Na época, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) ressaltou que a fiação estava fora da área de segurança do aeroporto. “A regularidade da sinalização das torres de distribuição da Cemig no trecho em questão foi atestada pelo relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que concluiu que a rede de distribuição naquele trecho (ora sinalizada) ‘não se enquadrava nos requisitos que a qualificassem como obstáculo ou objeto passível de ser sinalizado’. Ou seja, não há previsão legal para a sinalização da rede no local”, informou a empresa.
As informações são do Portal R7.
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