Os níveis de pobreza na Argentina atingiram 57,4% em janeiro, o mais alto em 20 anos, de acordo com um artigo da Universidade Católica Argentina (UCA) citado pela mídia local neste domingo (18).
De acordo com o La Nación, a desvalorização do peso argentino realizada pelo governo de Javier Milei logo após a sua posse, no início de dezembro, e os aumentos de preços ocasionados pela medida, agravaram os níveis de pobreza no país sul-americano, que fecharam o ano em 49,5%, com base nos dados apresentados pelo estudo “Argentina século 21: Dívidas sociais crônicas e desigualdades crescentes. Perspectivas e desafios” divulgado pela UCA neste fim de semana.
A publicação do estudo gerou uma resposta do presidente argentino que desde sua posse vem tentado promover mudanças com sua equipe econômica para que o país organize suas contas e consiga traçar uma estratégia sustentável para sair da crise.
“A verdadeira herança do modelo de castas: seis em cada dez argentinos estão pobres”, disse Milei em uma postagem nas redes sociais na noite de sábado (17).
Javier Milei assumiu o cargo prometendo dolarizar a economia, domar a inflação anual de mais de 200%, eliminar o déficit fiscal e acabar com os benefícios para o que ele chamou de “casta” política da Argentina.
Segundo a UCA, o aumento da pobreza está relacionado com as reformas econômicas abrangentes lançadas por Milei já em dezembro, que desvalorizaram o peso em 54% em face ao dólar americano, causando o colapso dos rendimentos dos argentinos à medida que os preços disparavam. Para além disso, o governo promoveu cortes em uma série de subsídios, que vão da energia ao transporte, na tentativa de atingir um equilíbrio fiscal.
Em diálogo com a apuração do La Nación, o diretor do Observatório da Dívida Social da UCA, Agustín Salvia, especificou que o artigo se pautou “em uma simulação estatística baseada em dados de questionários do terceiro trimestre do ano passado [2023]”. De qualquer forma, o responsável alertou não crer “que estejamos muito longe do que está acontecendo”. De acordo com o especialista os principais afetados pela situação são “a classe média baixa e os trabalhadores pouco qualificados”.
O artigo aponta que a população em situação de pobreza já chega a 27 milhões e passou por dois processos de incremento. O primeiro deles ocorreu no terceiro semestre de 2023 quando passou de 44,7% para 49,5% em dezembro e, por fim, para 57,4% em janeiro de 2024. Mas de acordo com a projeção, os motivos não giram apenas em torno do aumento da cesta básica total, mas também da renda familiar.
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