No dia 5 de abril, Sorocaba e a música perderam uma importante figura, o empresário Júlio Milko.
Aos 97 anos, o ex-proprietário da empresa Metalac, foi sepultado no Cemitério da Paz do Morumbi, em São Paulo.
Ele era natural da Hungria e teve um papel importante no que hoje é a Fundec (Fundação Cultural de Desenvolvimento da Cultura) de Sorocaba.
Ao lado de outras figuras ilustres, como Otto Wey Netto, que era membro da Loja Maçônica Perseverança Terceira, ex-presidente da Fundação Ubaldino do Amaral, mantenedora do jornal Cruzeiro do Sul, e fundador da rádio Cruzeiro FM, Júlio Milko entre outros entusiastas fundou a Fundec.
Tudo começou no início dos anos 1990, quando, em Sorocaba, ele ouvia funcionários dele reclamando que a cidade tinha pouca cultura.
Então, ele e outros amigos empresários instituíram a Assec (Associação de Eventos Culturais), que envolvia cerca de 30 empresas incentivadoras.
Com a instalação da Assec, Sorocaba passou a contar com pelo menos 50 eventos culturais por ano.
Em razão do aumento do número de pessoas interessadas em música, o então prefeito de Sorocaba, Antônio Carlos Pannunzio, almoçou com Milko e decidiram, então, fundar a Fundec.
Antes, porém, outro amigo de Milko, um alemão, comentou com ele sobre a existência da Orquestra Sinfônica de Sorocaba e que seria interessante investir nela.
Com a decisão de fundar a Fundec em 14 de abril de 1992, o empresário, que se tornou cidadão sorocabano, já que era natural da Hungria, absorveu a orquestra de Sorocaba, tendo a ajuda da irmã dele, Eva Milko, uma pianista profissional.
Assim, a Fundec nasceu para tocar a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, mas, por sugestão de Otto Wey Netto, foram colocadas no estatuto da Fundec outras atividades culturais, como, por exemplo, o Instituto Municipal de Música, que já formou centenas de músicos até os dias atuais.
Essa foi uma contribuição importante do legado de Júlio Milko para Sorocaba e região, já que vem pessoas de diversos lugares para aprender música, e de forma gratuita.
Não foi fácil, como conta ele durante entrevista no programa Vida Pública, da TV WEB Jornal Cruzeiro do Sul.
Ele foi entrevistado no dia 13 de junho de 2014, quando tinha 87 anos.
A entrevista, inclusive, pode ser assistida pelo canal do jornal no YouTube.
Casado om Rosa Milko, o empresário foi pai de seis filhos e avô de nove netos.
Ele chegou ao Brasil em 1952, depois de ter passado pela Argentina e Áustria.
Milko era gerente de uma empresa que vendia papel e máquinas gráficas e conhecia Sorocaba porque vendia seus produtos para a cidade.
A vida de empresário de sucesso começou de fato em 1958, quando ele e um concunhado fundaram a Metalac, em São Paulo, que fabricava parafusos para as indústrias automobilística e aviação.
Aliás, Milko foi piloto e conduziu muitas aeronaves na época.
No entanto, em 1978, quando ele e o sócio dele mudaram a planta da Metalac para Sorocaba, empregando, naquele ano, cerca de 800 funcionários, a empresa tornou-se a maior fábrica de parafusos do Hemisfério Sul.
Mas, em 1995, venderam as ações da empresa para um grupo norte-americano e, desde então, Milko passou a se dedicar à música, em especial à Fundec.
Antes de radicar-se no Brasil, em 1952, Júlio Milko formou-se em química, física e matemática pela Academia Comercial de Budapeste.
Ele deixou o país dele porque integrava a resistência armada contra os alemães nazistas e, também, porque era membro da resistência pacífica contra o regime comunista.
Para que não fosse levado para a Sibéria, ele, a mãe dele e a irmã vieram para o continente americano.
Ao chegar ao Brasil, a vida do empresário Júlio Milko seria transformada para melhor.
Este editorial é uma homenagem a esse homem que deixou um importante legado para a cultura sorocabana e que, até hoje, faz história.
Que a memória de Júlio Milko jamais seja apagada!!!
Cruzeiro FM, com você o tempo todo!!!
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