Na década de 1990, o mercado automotivo no Brasil vivia uma nova fase após o então presidente Fernando Collor assinar uma medida que autorizava a reabertura do setor para veículos importados. A medida apresentava ao país uma possibilidade de perspectivas mais positivas para o segmento, principalmente, com relação aos investimentos estrangeiros no país.
Naquele mesmo momento, Ayrton Senna já havia conquistado seu primeiro título (1988) e observava com interesse a oportunidade. Ainda em 1990, o piloto austríaco Gerhard Berger chegou à McLaren para se tornar companheiro de equipe de Senna e ambos se aproximaram.
O brasileiro manifestou ao austríaco o desejo de investir no Brasil, abrindo algumas concessionárias de marca premium no país. Inicialmente, Senna cogitou a BMW e a Mercedes-Benz, mas foi aconselhado por Berger a considerar também a Audi.
De acordo com a biografia do piloto, “Ayrton: O Herói Revelado”, outra conversa importante para a decisão foi com seu empresário Ubirajara Guimarães, durante um voo de São Paulo para Frankfurt.
O presidente e CEO da Audi do Brasil, Daniel Rojas, conta que, na época, Senna se interessou pela alemã e foi conversar diretamente com os dirigentes da fabricante na sede em Ingolstadt.
“A sintonia foi imediata e os executivos se interessaram pela ideia de serem representados no Brasil por um dos maiores ídolos do automobilismo mundial […] Dessa forma, Senna, ao lado dos sócios, assinou o contrato em que se tornou representante da marca no país com a Senna Import”, explica Rojas.
Com a decisão tomada, em 1993, a Senna Import começou a se estruturar no Brasil, com treinamento dos mecânicos, linha de produtos definida e concessionárias sendo preparadas.
Em 29 de março de 1994 foi realizado o evento de lançamento, com Jô Soares e Senna. Dois dias depois, em 31 de março, a imprensa especializada teve a oportunidade de testar os modelos S2 e S4 no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
Após três décadas de atuação no Brasil, Rojas considera o balanço como “bastante positivo” e destaca que, para os próximos anos, a marca quer fortalecer suas políticas ESG e o processo de eletrificação, já que planeja ser uma empresa neutra em carbono em 2050.
O CEO comentou sobre os preparativos para o retorno da Audi na Fórmula 1. Em 2026, a marca volta ao padoque como Audi F1 Team.
“As condições para a nossa entrada são as melhores dos últimos 30 anos, uma vez que as novas regulamentações oferecem aos recém-chegados oportunidades justas […] No momento, estamos concentrando as nossas energias no desenvolvimento do projeto, que está mobilizando centenas de colaboradores em nosso centro Motorsport Competence Center da Audi, em Neuburg, na Alemanha, onde está sendo desenvolvido o motor, e na sede da Sauber na cidade de Hinwil, na Suíça, onde está sendo desenvolvido o chassi e carroceria”, detalha Rojas.
Passados 30 anos após o acidente que tirou a vida do tricampeão mundial de Fórmula 1, marcas como Senna e Senninha, criadas pelo piloto brasileiro na década de 1990, se consolidaram no mercado e contabilizam parcerias de peso com outras gigantes globais dos mais diversos segmentos.
Atualmente, todas são administradas pela Senna Brands e a perspectiva é de manter e expandir a relevância entre o público dentro e fora do mundo da Fórmula 1.
Uma das grandes apostas para este ano é a série da Netflix sobre a trajetória do ídolo brasileiro desde o começo de sua carreira automobilística, quando Senna se muda para a Inglaterra para competir na Fórmula Ford, até o trágico acidente em Ímola, na Itália.
A parceria se dá na esteira do crescente sucesso de conteúdos relacionados ao automobilismo e, principalmente, à Fórmula 1, disponíveis na plataforma, como a série “Drive to Survive” – produção que retrata os bastidores das corridas da principal categoria do automobilismo.
Outra colaboração muito prestigiada se deu com a equipe na qual o próprio brasileiro atuou: a McLaren.
A inglesa projetou, em 2017, o superesportivo McLaren Senna. Sendo uma homenagem ao tricampeão mundial, o modelo é considerado um dos McLaren mais rápidos já feitos na história da companhia. Apenas 500 unidades do veículo foram produzidas e foram esgotadas no mesmo ano.
Para se ter uma ideia, o modelo atinge 100 km/h em 2,8 segundos e, 200km/h em 6,8 segundos. Com 800 cavalos de potência, o McLaren alcança até 335 km/h.
O nome Senna também aparece em produtos da Asics, como uma edição especial do modelo GEL-Nimbus que leva as cores da icônica McLaren pilotada pelo brasileiro e com a qual Senna venceu três temporadas.
Ainda em vestuário e acessórios, a Puma e a TAG Heuer também fazem parte da lista de parcerias da marca.
No caso da fabricante suíça de relógios de luxo, a empresa também lançou uma edição especial para celebrar a trajetória do ídolo brasileiro.
Fonte: CNN Brasil
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