A concentração de gases de efeito estufa —principais responsáveis pela intensificação do aquecimento global— chegou a um novo recorde global em 2023, indica relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial), vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas).
O documento, publicado nesta segunda-feira (28), revela que o planeta atingiu valores máximos nas concentrações de dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O).
Segundo a OMM, o acúmulo de dióxido de carbono tem sido mais rápido “do que em qualquer outra época da existência humana”, com um aumento de 11,4% em duas décadas.
A concentração de CO₂ na atmosfera atingiu média global de 420 partes por milhão (ppm) em 2023, um crescimento de 2,3 ppm em relação ao ano anterior.
Além de representar um aumento de 151% em relação aos níveis pré-industriais (anteriores ao ano de 1750), o resultado marca também o 12º ano consecutivo em que a concentração de dióxido de carbono cresceu acima de 2 ppm.
Principal gás-estufa relacionado às atividades atividades humanas, o CO₂ representa cerca de 64% do efeito do aquecimento no clima. Ainda que a maior fatia seja oriunda da queima de combustíveis fósseis —carvão, gás e petróleo—, as emissões também têm alguma variabilidade sazonal.
Na segunda metade do ano passado, o retorno do fenômeno climático El Niño, após três anos de La Niña, contribuiu para uma maior liberação de carbono, especialmente em regiões onde houve incêndios florestais intensos, como o Canadá e a Austrália.
O boletim da Organização Meteorológica Mundial contabiliza a concentração de gases de efeito estufa, e não os níveis de emissão. O documento complementa o relatório anual de emissões do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), cuja última edição foi lançada na semana passada, também na reta final para a COP29, a conferência do clima da ONU, que acontece de 11 a 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão.
O levantamento mostrou que 2023 bateu um novo recorde de emissões: 57,1 gigatoneladas de CO₂ equivalente, o que representa um aumento de 1,3% em relação a 2022.
O resultado mostra que, embora ainda seja tecnicamente possível limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C —considerado pelos cientistas o teto para impedir os efeitos mais devastadores das mudanças climáticas—, esse cenário é cada dia mais difícil.
Para chegar a essa meta, que é o valor preferencial indicado no Acordo de Paris, de 2015, a comunidade internacional precisa se comprometer coletivamente com uma queda drástica das emissões no futuro próximo.
Pelos cálculos do Pnuma, para atingir esse resultado, a atualização das contribuições nacionalmente determinadas (as chamadas NDCs, que são as metas voluntárias de redução de emissões dos países) precisa trazer uma redução de 42% das emissões anuais até 2030 e de 57% até 2035.
Informações Folha de São Paulo
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