Com estreia marcada para 1º de novembro no YouTube, o documentário “Cláudio Silva, um baobá do interior”, dirigido por Rodrigo Cabrerisso, apresenta um olhar sensível e aprofundado sobre a trajetória do sambista, compositor e pesquisador radicado em Sorocaba.
A obra realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da Secretaria de Cultura de Sorocaba, busca lançar luz sobre a vida e a obra do artista, destacando os desafios enfrentados pela população negra no interior paulista.
O título do filme faz referência ao baobá, árvore africana que simboliza resistência e longevidade, qualidades que definem a história de Cláudio. “Ele é muito mais do que um sambista; é alguém que busca, através do samba, abordar os problemas que a ancestralidade negra enfrenta e como isso influencia a vida das pessoas negras até hoje”, comenta Cabrerisso, ressaltando o papel do músico como educador e agente de transformação social.
Com cerca de 30 minutos de duração, o filme traz samba homônimo inédito composto por Cláudio Silva especialmente para o projeto. Além do próprio Cláudio Silva, o filme reúne depoimentos de familiares, amigos e pesquisadores, como Ademir Barros dos Santos, membro do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira (NUCAB), que refletem sobre a contribuição do sambista para o samba de raiz e a valorização da cultura afro-brasileira.
A narrativa do documentário também resgata as raízes do artista em Avaré, cidade onde viveu sua infância e juventude. A relação conflituosa com a com a família, especialmente com a mãe, é um dos pontos mais emocionantes do filme, cujo o “acerto de contas” é selado por meio da compreensão da própria ancestralidade. “A descrença que ele enfrentou não era apenas contra ele, mas contra pessoas pretas em geral. Isso reflete uma realidade em que o preto é ensinado a não acreditar em sonhos, pois a história contada é de derrota. Não se conta a história de que eram pessoas livres, que eram reis, que eram rainhas”, observa Cabrerisso.
Trabalhar com Cláudio Silva, segundo Cabrerisso, foi como viver uma constante aula sobre a cultura negra. “Ele é uma pessoa que lê muito, pesquisa muito, é um educador. Está além de um cantor, está sempre ensinando. Mesmo tendo convivido com a cultura negra desde a infância, com o Cláudio os horizontes sempre se abrem mais. Cada encontro é uma oportunidade de aprender algo novo”, reflete o diretor.
Ele assinala que o documentário convida o público a vivenciar essa mesma experiência de aprendizado, resgatando histórias e saberes que vão além do samba, tocando profundamente na ancestralidade e na resistência que compõem a identidade cultural brasileira.
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