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Cirurgia de remoção de pele devolve qualidade de vida a pacientes bariátricos

Um estudo desenvolvido pelo Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin), da Fiocruz Brasília, estima que, em 2044, quase metade dos adultos brasileiros (48%) terá obesidade, e outros 27% estarão com sobrepeso. Os dados consideram as tendências atuais e indicam que, a cada quatro pessoas, três sofrerão com esses problemas de saúde.

Para enfrentar a obesidade, muitos pacientes optam pela cirurgia bariátrica. Apenas em 2023, mais de 80 mil procedimentos do tipo foram realizados no país. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o número é 3,4% maior do que no ano anterior.

Após o procedimento cirúrgico, a redução de peso pode ocasionar um acúmulo de pele no paciente. Mais do que uma questão estética e de impacto na autoestima, esse excesso pode dificultar a realização da higiene e até causar infecções ou dermatites nas dobras cutâneas, causando dor e sofrimento a quem recorreu ao procedimento.

De acordo com o cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Delmo Sakabe, existem casos em que a pele se retrai naturalmente, mas, quando isso não acontece, a cirurgia de remoção de pele se torna essencial para devolver a qualidade de vida ao paciente.

“Em pacientes que perderam muito peso, geralmente, a cirurgia plástica acaba sendo uma etapa do processo, mas é importante que a pessoa já esteja com o peso ideal ou, pelo menos, o mais próximo possível da meta proposta pelo médico antes da cirurgia bariátrica”, afirma o cirurgião.

A comerciante Elaine Marum, 47 anos, realizou, em 2014, a cirurgia bariátrica e perdeu 50 quilos em dois anos. A alegria de finalmente conseguir controlar o diabetes e reduzir o peso foi abalada pelo excesso de pele causado pela diminuição brusca do peso.

“A cirurgia bariátrica é boa por um lado, mas ela assusta por outro, porque você começa a ficar com o corpo todo deformado. Na parte do abdômen, mamas, braços e pernas, cai toda a pele de uma hora para outra. Logo após a cirurgia, 45 dias depois, eu já havia eliminado 12 quilos e a pele começou a cair”, relembra.

Elaine recorda que acabou ficando com a conhecida ‘barriga de avental’, próxima da região pubiana, e que o excesso de pele assava com frequência. “Não cheguei a ter feridas na pele, porque eu tratava, passava por uma dermatologista que me dava todo o suporte, mas se não cuidasse, certamente apareceriam feridas na região”.
A higienização da pele em excesso era outro desafio enfrentado por Elaine. Durante o banho, ela precisava redobrar os cuidados para não deixar nenhum resquício de sujidades e precisava até controlar a temperatura da água. “Eu não podia tomar banho com água muito quente, que lesiona a pele”, recorda.

Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo excesso de pele, Elaine demorou quase dez anos para realizar a primeira cirurgia reparadora. “Eu tinha muito medo, principalmente de a cirurgia não ter o resultado esperado. Passei por três cirurgiões que não me passaram a segurança que eu precisava”, afirma.

Planejamento é fundamental

A cirurgia de remoção de pele, assim como qualquer outro procedimento cirúrgico, oferece riscos ao paciente. “Pacientes com doenças preexistentes, que fazem uso de medicamentos, alérgicos ou que possuem tabagismo, por exemplo, são casos que precisam ser cuidadosamente estudados, pois a cirurgia pode ter diversos prejuízos, como má cicatrização, infecções e abertura de pontos, entre outros”, alerta o especialista. Por isso, complementa Sakabe, o planejamento da cirurgia precisa ser muito bem feito e estudado.

No caso de Elaine, a primeira cirurgia reparadora ocorreu em 2022, no abdômen. Como o excesso de pele era muito severo, a paciente precisou realizar uma cirurgia em âncora (com dois cortes). Em 2023, ela realizou o segundo procedimento, nas mamas e nos braços, e, em 2025, pretende finalizar o processo com a cirurgia nas coxas.

“Na primeira cirurgia, removi dois quilos de pele. Achei que o pós-operatório seria complicado, mas foi bem tranquilo. E, em ambas as cirurgias, em 15 dias, comecei a retirar os pontos e logo voltei a realizar minhas atividades normalmente”, afirma.

Para o cirurgião plástico, é fundamental que o paciente obeso entenda que o processo de emagrecimento é lento e todas as ações levam a consequências. “A cirurgia bariátrica leva ao emagrecimento, que é excelente e melhora muito a qualidade de vida. Porém, levará também a sobras de pele, que poderão necessitar de cirurgias plásticas para correção no futuro. Faz parte do tratamento completo. A mudança vem de dentro pra fora, um corpo ‘novo’ precisa de cuidados constantes e permanentes”, finaliza Dr. Delmo Sakabe.

Cristiane Carvalho
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