Incêndios seguem fora de controle em Los Angeles: “uma das piores catástrofes da história da cidade”

Bairros inteiros nos arredores de Los Angeles foram devastados por incêndios que continuam fora de controle nesta quinta-feira (9), impulsionados por fortes rajadas de vento, segundo as autoridades. Pelo menos cinco pessoas morreram. Os moradores descrevem cenas “apocalípticas”.

O incêndio que destruiu 6.900 hectares em Pacific Palisades foi descrito como “um dos piores desastres naturais da história de Los Angeles”, afirmou a chefe dos bombeiros, Kristin Crowley. Outro foco, que já consumiu mais de 4 mil hectares em Altadena, também continua fora de controle.

“Altadena está devastada”, destacou Judy Chu, congressista americana que representa a região e visitou um centro onde cerca de mil moradores deslocados pelo fogo buscaram abrigo. “Eles estão arrasados. Não sabem para onde voltarão quando o incêndio for controlado, disse ela à emissora local KTLA.

Mais de 180 mil pessoas em toda a área receberam ordens para deixar o local. “É provável que o fogo continue avançando, seja por incêndios em curso ou novos focos, durante toda a quinta e sexta-feira”, informou um boletim do Serviço Meteorológico Nacional dos EUA (NWS, na sigla em inglês).

Em Hollywood, o berço histórico da indústria cinematográfica americana, os moradores da área precisaram deixar suas casas às pressas na noite de quarta-feira, após um início de incêndio nas colinas. 

Mas as ordens de retirada foram suspensas na manhã desta quinta-feira, após as equipes de bombeiros e de resgate conseguirem conter o incêndio, chamado de “Sunset”.  “Felizmente, o incêndio Sunset está sob controle”, disse Margaret Stewart, porta-voz do Departamento de Bombeiros do Condado de Los Angeles.

Apesar da boa notícia, o fogo está atrapalhando as atividades da indústria cinematográfica: várias filmagens foram interrompidas e o parque de diversões Universal Studios Hollywood fechou.     

As indicações ao Oscar foram adiadas por dois dias, para 19 de janeiro. Várias celebridades de Hollywood estão entre as dezenas de milhares de pessoas que receberam ordens para deixar o local.

Faltam bombeiros para conter as chamas

Os ventos têm a “força de um furacão” e estão alimentando os incêndios provocados pela “seca extrema”, disse a prefeita Karen Bass em uma coletiva de imprensa na noite desta quarta-feira (8). As rajadas de vento diminuíram de intensidade na manhã desta quinta-feira, mas podem voltar a ganhar força nesta noite, alertou o Serviço Meteorológico dos EUA (NWS).   

“Não temos bombeiros suficientes em Los Angeles para lidar com essa situação”, disse Anthony Marrone, chefe dos bombeiros da região, na quarta-feira. “Mais de 7.500” bombeiros, alguns de outros estados dos EUA, estão liderando a luta contra esses “incêndios sem precedentes em Los Angeles”, disse o governador da Califórnia, Gavin Newsom.   

Uma das cinco vítimas fatais da tragédia é o morador de Altadena, Victor Shaw, que defendeu sua casa das chamas até o fim. “Parece que ele tentou salvar a casa que seus pais tiveram por quase 55 anos”, disse seu amigo Al Tanner, que o encontrou sem vida, com uma mangueira de jardim na mão.

As autoridades recomendaram aos californianos que economizem água, já que três tanques que fornecem hidrantes foram esvaziados durante o combate às chamas em Pacific Palisades. A maior parte da água usada por Los Angeles vem do rio Colorado e é usada principalmente pela indústria agrícola.

O presidente Joe Biden, que deixa o cargo dia 20 de janeiro, está na Califórnia. Depois de liberar ajuda federal para aumentar o combate a incêndios, ele cancelou uma viagem planejada para quinta-feira à Itália, anunciou a Casa Branca.   

Os ventos de “Santa Ana” são comuns no outono e inverno californianos. Mas nesta semana, atingiram a maior intensidade desde 2011, de acordo com meteorologistas.     

A situação é considerada como um “pesadelo” para os bombeiros: a Califórnia registrou dois anos com muita chuva, a vegetação cresceu, e agora secou no inverno. Os galhos ajudam a manter as chamas acesas.

Os incêndios, segundo os cientistas, podem ser consequência das mudanças climáticas, que aumentam a frequência de eventos climáticos extremos.

Com a destruição das mansões, este pode ser o incêndio mais caro já registrado: os danos são estimados em US$ 57 bilhões.

Com informações da AFP