Fiéis dão último adeus a Bento 16; morte encerra era dos “dois papas”
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 02/01/2023
Milhares de pessoas estiveram no Vaticano, nesta segunda-feira (2), para prestar sua última homenagem ao papa emérito Bento 16, que morreu no sábado (31), aos 95 anos. Uma das primeiras visitantes foi a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que chegou cedo ao local. O corpo do sacerdote será exposto na Basílica de São Pedro até quinta-feira (5), quando ocorrerá o funeral, que será celebrado pelo papa Francisco.
O caixão de Bento 16 estava em uma capela do monastério Mater Ecclesiae, no Vaticano, onde ele vivia desde sua renúncia, em 2013. O corpo do papa emérito foi transferido nesta segunda-feira de manhã para a Basílica de São Pedro e ficará exposto ao público entre 9h e 19h, no horário local. Na terça-feira, o público poderá prestar sua homenagem entre 6h e 18h. A entrada é gratuita e não é preciso reservar hora.
A fila de fieis na praça de São Pedro começou a se formar de madrugada. “Cheguei às 6h. Para mim, parece normal homenageá-lo depois de tudo o que ele fez para a igreja”, disse Anna-Maria, uma freira italiana.
O corpo de Joseph Ratzinger foi colocado em cima de um catafalco de tecido dourado (uma plataforma elevada onde é colocado o corpo), na frente do altar principal da Basílica. Ele está sendo guardado por dois guardas suíços. Vários cardeais e membros da Cúria, incluindo o secretário particular do papa emérito, Georg Ganswein, assistem à passagem dos visitantes. Ganswein é quem recebe as condolências.
O funeral da quinta-feira será a primeira vez na história da Igreja Católica que um papa em exercício enterrará outro sacerdote. Dezenas de milhares de pessoas são esperadas, incluindo chefes de estado e líderes de outras religiões, ao funeral do 265º papa da história.
A cerimônia começará às 5h30 (horário de Brasília) e será simples, como pediu Bento 16. Ele será sepultado nas grutas vaticanas, onde se encontram os túmulos dos papas, informou o Vaticano, em um comunicado
O Vaticano divulgou neste domingo as primeiras fotos do corpo do papa emérito, o segundo da história da igreja a renunciar ao pontificado. No ano de 1294, Celestino 5º abdicou antes de ser consagrado. Na época, ele alegou não ter mais “forças” para exercer a função em razão de sua idade avançada. Bento 16 tinha dificuldades para andar e foi aconselhado pelos médicos a evitar as viagens transatlânticas.
Papa Francisco volta a homenagear Bento 16
O papa Francisco voltou a homenagear o “bem amado Bento 16”, neste domingo (1), que ele chamou de “fiel servidor do Evangelho e da Igreja” No sábado, ele já havia lembrado do legado do ex-sacerdote durante as orações de Ano Novo na Basílica de São Pedro, onde agradeceu ao pontífice emérito “por todo bem que fez”.
Neste domingo, muitos católicos presentes no Vaticano expressaram sua tristeza pela morte do pontífice alemão, que representava uma visão conservadora da Igreja, menos sensível aos conflitos e problemas dos mais pobres do mundo. “É uma dor muito grande. Era uma pessoa muito reservada, mas percebemos sua profundidade, e ele fez muito pela Igreja”, disse Milo Cecchetto, um romano presente na praça.
Em seu testamento espiritual, escrito em 2006 e divulgado no sábado, Bento 16 pediu “perdão de coração” a todos aqueles a quem possa ter ofendido em sua vida. Também agradeceu aos seus pais por terem-lhe dado a vida “em uma época difícil”, na Alemanha em 1927, que caminhava para o nazismo.
Nova etapa
A morte de Bento XVI também abre uma nova etapa para o pontificado de Francisco, de 86 anos, que confessou, em várias ocasiões, que não descartava a renúncia, em caso de incapacidade física. Uma opção impossível com dois papas no Vaticano, um emérito e outro reinante. Três pontífices seriam impensáveis até para os mais anticlericais.
Para muitos observadores e apoiadores do Vaticano, Francisco está empenhado em fazer uma série de reformas internas e não pensa, por hora, na abdicação. Ele poderia, inclusive, estabelecer normas para os papas eméritos, após o precedente estabelecido por Bento XVI, o primeiro a renunciar em seis séculos de história.
As informações são da AFP.