Ex-secretário afirma à polícia que voluntária recebia R$ 11 mil por mês

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 17/04/2019

O prefeito de Sorocaba, José Crespo (DEM), determinou que a ex-assessora Tatiane Regina Goes Polis recebesse um salário de R$ 11 mil por mês, embora atuasse como “voluntária” na Prefeitura.
Esta declaração foi feita pelo ex-secretário de Comunicação e Eventos (Secom), o jornalista Eloy de Oliveira, que na semana passada pediu exoneração do cargo após ser citado como investigado na operação Casa de Papel.
O Cruzeiro do Sul teve acesso a trechos do depoimento de Eloy. No documento, ele informa que Crespo insistiu para que a agência de publicidade e propaganda DGentil contratasse Tatiane como funcionária, mas o dono da empresa, Luís Navarro, se recusou a contratá-la. O impasse foi resolvido com um acordo, por determinação de Crespo, pelo qual a ex-assessora deveria ser paga com dinheiro do contrato público — no valor de R$ 20 milhões — que a agência tem com a Prefeitura.
No seu depoimento, Eloy acrescentou que foi a partir desse acordo que Tatiane passou a receber um salário de R$ 11 mil por mês para exercer a função de voluntária da Secom. A princípio o salário seria de R$ 9 mil, mas Tatiane teria pedido R$ 2 mil a mais.
De acordo com o depoimento de Eloy à Polícia Civil, Tatiane também exerce “forte poder sobre o prefeito”, atua com status de secretária e tem ramal telefônico em seu nome no 6º andar. O ex-titular da Secom também informou que, ao contrário das informações divulgadas, Tatiane nunca se desligou da Prefeitura de Sorocaba.
Seu depoimento também informa que ela dava ordens a funcionários sem a sua anuência, porém com o respaldo do prefeito. Contou que alguns funcionários tentaram não obedecê-la e acabaram sendo transferidos para outras secretarias, sem comissionamento, com perdas salariais. E um funcionário acabou sendo exonerado da Prefeitura devido ao controle que passou a exercer sobre Tatiane.
O depoimento de Eloy foi dado à polícia como parte da operação Casa de Papel, que investiga desvio de dinheiro, fraudes em licitações e corrupção de agentes públicos na Prefeitura. A operação foi deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público no último dia 8.
Essas informações também foram divulgadas ontem à noite pelo G1 em Sorocaba, com base em cópia do depoimento de Eloy prestado à Polícia Civil.
O advogado de Tatiane, Márcio Leme, que também é advogado do prefeito José Crespo, disse ao Cruzeiro que “precisa tomar conhecimento do assunto para depois se manifestar”. O jornal tentou ouvir os outros envolvidos, mas não conseguiu. Porém, de acordo com o G1, o empresário Luís Navarro negou que tenha sido procurado pelo prefeito para contratar Tatiane como funcionária e nega que tenha feito qualquer pagamento a ela. Enquanto isso, em nota, a Prefeitura informou que “sequer teve acesso ao inteiro teor do inquérito e nem ao suposto depoimento do ex-secretário Eloy de Oliveira”. A Prefeitura acrescentou que “repudia a informação da prática de qualquer ato ilegal”.
Depoimento na CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal, que investiga supostas irregularidades no programa de voluntariado da Prefeitura de Sorocaba, realizará nesta quarta-feira (17), às 9h, oitivas com Tatiane Polis e seu marido, Willian Polis. Pesam sobre ela denúncias de atuação irregular no Paço, com acusações de caracterização de possível tráfico de influência e coerção. As investigações também estão sendo feitas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
Prefeito se diz perplexo
No final da noite de terça (16), o prefeito José Crespo, por meio da Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom), encaminhou a seguinte nota sobre as denúncias de Eloy de Oliveira:
“É com muita indignação e perplexidade que tomo conhecimento, por meio de reportagens publicadas por veículos de comunicação, das falsas acusações feitas pelo ex-secretário de Comunicação e Eventos, senhor Eloy de Oliveira, suspeito de atos de corrupção praticados no governo dentro da Operação Casa de Papel, em que, de forma leviana, teria afirmado em depoimento à Polícia Civil de que a ex-assessora Tatiane Polis recebeu quantia de R$ 11 mil por mês e que supostamente esse pagamento seria feito por meio uma agência de publicidade contratada pela Prefeitura.
É lamentável e repugnante tais declarações. Reafirmo à população de Sorocaba que essas declarações feitas pelo ex-secretário investigado são levianas e mentirosas e notoriamente têm objetivo espúrio, para atender interesses escusos.
Jamais recebi ou mandei qualquer pessoa realizar pagamentos ilícitos, jamais me submeteria a entrar para o submundo da corrupção. Permaneço à disposição das Autoridades para prestar todos esclarecimentos, continuo como o maior interessado em esclarecer todas as acusações ventiladas na Operação Casa de Papel. Eu não vou tolerar corrupção no meu governo.”
Com informações do Jornal Cruzeiro do Sul


Você está ouvindo

Cruzeiro FM 92,3 Mhz

A número 1 em jornalismo