Endividamento aumenta para os que ganham menos de 10 salários mínimos
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 06/08/2019
A proporção de lares paulistanos endividados se manteve estável em 55,7% no mês de julho, na comparação com o mês anterior.
Entretanto, em relação ao mesmo período de 2018, houve alta de 4,5 pontos porcentuais. No total, 2,2 milhões de famílias permanecem com algum tipo de dívida, ou seja, 190 mil famílias a mais no período de um ano.
Já a inadimplência chegou a 20,2%, leve alta de 0,7 ponto porcentual (p.p.) no comparativo mensal e 0,6 p.p. no anual. Atualmente, 792,6 mil paulistanos estão com contas em atraso. A alta foi maior entre os que ganham menos de dez salários mínimos (SM): 59,6% de endividamento e 26,3% de inadimplência.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O principal tipo de dívida das famílias continua sendo o cartão de crédito (71,2%). Na segunda posição, ficaram os carnês, com 15,8%, ante os 9,3% de junho, maior porcentual desde junho de 2018. Como a FecomercioSP já havia adiantado ao longo do ano, o crescimento do carnê como modalidade de pagamento indica que bancos diminuíram o acesso ao crédito, fazendo com que os consumidores recorram aos parcelamentos das compras diretamente com as lojas.
Na sequência, estão financiamento de carro (12,5%) e financiamento de casa (12,4%), com praticamente o mesmo porcentual. Um indicador menor, mas de destaque, é o cheque especial, que ficou em 7,7% em julho, maior patamar em um ano. Para Federação, esses dados são um indicativo de que os consumidores estão buscando todas as formas disponíveis para complementar a renda – seja para consumo, seja para pagamento de contas.
Segmentação por renda
Na segmentação por renda, as famílias com rendimentos abaixo de dez salários mínimos (SM) impulsionaram o endividamento: 59,6% em julho ante os 58,8% de junho, maior patamar desde dezembro de 2017 (59,9%). As contas em atraso também aumentaram – de 24,9% para 26,3% em julho, a maior da série histórica.
Para o grupo com renda superior a dez SM, o endividamento registrou queda, ao passar de 46,8% em junho para 44,3% em julho. O porcentual de inadimplência também foi reduzido de 6,3% para 5,9% nesse mesmo período.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, essa queda para quem ganha mais de dez SM se justifica pelo fato de essa faixa ter recursos guardados para quitar dívidas, enquanto os que recebem menos não contam com o mesmo suporte financeiro (qualquer imprevisto que apareça, as contas já ficam desajustadas).
O porcentual de famílias que disseram não terem condições de pagar as dívidas permaneceu estável tanto no comparativo mensal quanto no anual – 8,5%. Isso significa que 335 mil lares ainda estão nessa situação.
Em relação ao tempo de dívida em atraso, houve elevação, passando de 65,5 dias em junho para 66,6 dias em julho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço foi de 3,4 dias.
Entre os endividados, o comprometimento da dívida ficou estagnado: 7,5 meses. O porcentual mais elevado está no período superior a um ano: 38,7%. De até três meses, 21,7%; de três a seis meses, 21,8%; e de seis meses a um ano, 17,1%.
Em decorrência do controle das instituições financeiras no País, a parcela da renda comprometida com a dívida também permanece estável (29,8%).
De acordo com a FecomercioSP, a alta do endividamento dos que ganham menos de dez salários mínimos (SM) fica como alerta para os pequenos e médios empresários repensarem a precificação, ainda que seja preciso diminuir a margem de lucro. Outras opções seriam oferecer marcas mais acessíveis; criar cartões de fidelidade, com descontos progressivos conforme a frequência; e facilitar a forma de pagamento, aumentando o número de prestações para que o valor mensal seja menor.
Além disso, a entidade recomenda que o comerciante se atente às promoções das diversas maquininhas de pagamento à disposição no mercado, pensando no fluxo de caixa – que deve estar em dia para o pagamento de contas habituais do estabelecimento.
Para a Federação, o empresário que conseguir manter uma boa gestão de todas as entradas e saídas de recursos nesse tempo de turbulência sairá mais fortalecido para uma melhora esperada para o próximo ano.
Com informações da Assessoria de Imprensa da Fecomercio-SP