40% dos usuários de cheque especial recorrem ao limite extra todos os meses

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 11/09/2019

O cheque especial é uma das modalidades de crédito mais caras do mercado, mas nem por isso o consumidor brasileiro tem evitado usar esse limite disponível na conta, que muitas vezes é fácil de ser obtido.
Uma pesquisa feita em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que, em cada dez brasileiros, dois (20%) recorreram ao cheque especial em algum momento nos 12 meses anteriores ao levantamento, percentual próxima aos 17% observados na mesma pesquisa do ano passado.
O levantamento ainda mostra que a maior parte (40%) dos usuários do cheque especial tem o hábito de utilizar o saldo extra todos os meses. Esse comportamento é ainda mais comum levando em conta as pessoas da classe C, D e E (48%). Outros 30% de usuários recorreram ao cheque especial a cada dois ou três meses e 27% pelo menos três vezes no ano.
O cheque especial é uma linha de crédito pré-aprovada, oferecida pelos bancos e, geralmente, utilizada de forma automática pelo cliente quando não há saldo suficiente para cobrir os débitos em sua conta bancária. Em média, os juros cobrados são de 320% ao ano, superiores inclusive ao cartão de crédito rotativo, segundo dados oficiais do Banco Central.
Para o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, por causa dos juros elevados, o cheque especial só deve ser utilizado em ocasiões emergenciais e durante períodos curtos. “É um erro incorporar o limite do cheque especial como parte da renda. Essa ilusão pode levar o consumidor a gastar mais do que o orçamento permite e ver sua dívida se transformar em uma bola de neve muito difícil de ser paga”, alerta Vignoli.
De acordo com a pesquisa, apenas 24% das pessoas que usaram o cheque especial no último ano solicitaram o crédito de forma espontânea. A maior parte (68%) disse ter recebido o limite de forma automática ou a partir de uma oferta, sem a solicitação direta ao banco ou instituição financeira. Outra constatação é que somente três (33%) em cada dez usuários do cheque especial buscaram outras alternativas de crédito para conseguir o dinheiro que precisava antes de recorrer ao limite fornecido pelo banco.
A pesquisa revela que entre as motivações para recorrer a esse saldo extra, há um misto de falta de controle das finanças e eventos inesperados. Os imprevistos com doenças ou compra de medicamentos (25%) e o descontrole no pagamento das contas (25%) foram as principais razões do uso do limite do cheque especial. Há ainda pessoas que apelaram a esse dinheiro porque estavam com pagamentos de contas a vencer (23%) ou porque foram surpreendidas com a necessidade de manutenção do automóvel ou moto (18%).
Outro dado que inspira preocupação é que 38% dos entrevistados não analisaram as tarifas e juros envolvidos, principalmente, porque precisavam do valor, independentemente dos custos (25%), não perceberam que entraram no cheque especial (7%) ou por falta de interesse (6%). Parte significativa (43%) desconhece o valor dos juros e taxas que os bancos cobram no cheque especial e mais de um terço (34%) ficou com o ‘nome sujo’ por não honrar com o pagamento.
Para Vignoli, o mau uso do cheque especial pode iludir o consumidor, que acaba pagando caro pela facilidade, praticidade e disponibilidade do recurso. “O consumidor tem de ter clareza de que o dinheiro incorporado ao seu saldo bancário não é seu. Se usar, terá de devolver, e pagando juros altíssimos, afinal, se trata de um tipo de empréstimo. Muitas vezes, as pessoas acabam sendo impulsivas ou ingênuas em aceitarem uma oferta sem analisar suas condições de pagamento”, alerta o educador do SPC Brasil.
Metodologia
A pesquisa entrevistou 805 consumidores, sendo que continuaram a ser entrevistados somente aqueles que disseram ter utilizado cheque especial ou empréstimo. Todos os entrevistados são acima de 18 anos, de ambos os gêneros, todas as classes sociais e residentes das 27 capitais. A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos percentuais para uma margem de confiança de 95%. Baixe a íntegra da pesquisa em https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas.
Com informações da Assessoria de Imprensa do SPC Brasil
Edição – Alessandra Santos


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