Ongs resgatam os 33 pit bulls encontrados em Itu; cães era treinados para rinhas
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 18/12/2019
Trinta e três cães, todos da raça pitbull, foram resgatados entre segunda (16) e terça-feira (17) em uma chácara de Itu por ongs de defesa dos animais. A retirada dos cães foi finalizada na tarde de ontem.
A Polícia Civil confirmou que os animais, encontrados na segunda-feira (16), eram treinados para rinhas.
Uma estrutura de concreto construída na propriedade era usada para o confronto entre os cães. Anabolizantes, uma esteira de corrida e uma piscina também foram encontrados no local e eram utilizados para preparar os animais para as brigas.
Segundo o investigador Bruno Ceccolini, a chácara tem ligação com o caso descoberto no final de semana em Mairiporã. O homem que morava no local é o peruano, de 52 anos, que está entre os 41 detidos na operação ocorrida no fim de semana na cidade da Grande São Paulo.
No imóvel há fotos do homem, que foi solto na segunda-feira após passar por audiência de custódia. “A casa pertence a uma mulher e quando chegamos aqui havia apenas duas funcionárias, que devem ser ouvidas”, disse o investigador.
Dona dos cães
O advogado da proprietária do imóvel esteve no local e contou que ela também era dona dos cães. “Ela não sabia o que ocorria aqui. Apenas sabia que ele cuidava dos cães”, defendeu o advogado da mulher, que reside em outra propriedade em Itu.
O advogado Wilson José dos Santos Muscari disse não saber se o local era devidamente registrado como criadouro de animais, o que demanda CNPJ, veterinário responsável e canil adequado. Todos os animais estavam acorrentados a árvores, com pequenas casinhas de madeira e sem alimentação. Nenhum veterinário se apresentou como responsável.
De acordo com Ceccolini, o caso será investigado pela Polícia Civil de Itu em parceria com a unidade de Mairiporã. “As investigações seguirão e os envolvidos poderão responder por maus tratos, jogos de azar e associação criminosa”, disse o investigador.
Atualmente a pena aplicada em casos de maus-tratos é de três meses a um ano de detenção e multa. Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados, que altera a Lei dos Crimes Ambientais, propõe que a punição seja aumentada para o período de dois a cinco anos, multa e a perda da guarda do animal, se for o caso.
A operação
O resgate dos cães teve início na segunda-feira (16), com o apoio de ongs, após a Polícia Civil receber denúncia anônima sobre os as condições dos animais. Na propriedade todos os pitbulls estavam acorrentados e alguns apresentam ferimentos e precisaram receber transfusão de sangue. Havia ainda três fêmeas prenhas.
Foi apreendido um cartão de crédito com o nome do indivíduo apontado como responsável pelo local. Ele é investigado pela Polícia Civil por envolvimento com a prática de rinha.
A perícia esteve na chácara e os cachorros foram custodiados à Associação de Vida Animal (AVA), em Atibaia, e socorridos para vários abrigos. Eles devem passar por avaliação veterinária, receberão os cuidados necessários e então seguirão para adoção consciente.
Outros animais
No local também havia seis bodes, um porco, dois cavalos, galinhas e patos, além de animais silvestres, como duas calopsitas, um porquinho da Índia, um canário da terra, duas maritacas e dois gambás. Esses animais foram encaminhados ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da região de Itu, onde passarão por avaliação e reabilitação.
Patrícia Gollitsch Daunt, presidente da Associação de Socorro e Proteção aos Animais de Itu, acompanhou o resgate e conta que apesar de assustados, os animais são dóceis. “O que a gente vê aqui é um desrespeito às leis, uma amostra de até que ponto chega a maldade do ser humano”, lamentou a ativista. Já Alan Leal, integrante do movimento Cadeia Para Maus-Tratos, conta os animais estavam no meio de fezes e também muitos ratos ocupavam o espaço.
Leal explica que os cães resgatados são dóceis com humanos, mas por conta do treinamento se tornam muito agressivos entre si. “A maior dificuldade no resgate é essa, a princípio esses cães terão que ficar separados e as ongs não dispõem de tanto espaço”, afirma.
Ainda conforme Leal, uma avaliação inicial apontou oito cães mais debilitados. Esses animais serão enviados para uma ong especializada em pitbulls, a Pit Alê, de São Paulo. Outros serão distribuídos entre outras organizações e permanecerão em abrigos e em lares temporários. Também participaram da ação as ongs Animais Têm Voz, de Americana, e Abrigo Vida de Anjo, de Mairiporã.
Com informações do Jornal Cruzeiro do Sul
Edição – Alessandra Santos