Ciclone mais poderoso do século na Índia e Bangladesh deixa mais de 80 mortos e causa destruição

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 22/05/2020

Centenas de vilarejos costeiros inundados, colheitas perdidas e milhares de casas destruídas. A passagem do ciclone Amphan pela Índia e Bangladesh deixou um cenário de “devastação sem precedentes” e 84 mortos, segundo levantamento feito nesta quinta-feira (21).

Quase 24 horas após a chegada à terra firme do mais poderoso ciclone a se formar na Baía de Bengala no século 21, a perda de vidas humanas, no entanto, parece provisoriamente menor do que a causada por outros ciclones violentos que já atingiram a região, causando, às vezes, milhares de mortes.

Até o momento, a Índia registrou 72 mortes no estado de Bengala Ocidental e Bangladesh assinalou 12 mortos em seu território, segundo relatos oficiais ainda provisórios.
Experientes no gerenciamento de ciclones e dotados de sistemas eficazes de monitoramento climático, os dois países do sul da Ásia haviam retirado mais de três milhões de pessoas de suas casas como medida preventiva.
“Foi uma tempestade forte. Porém, gradualmente, ela perdeu força durante três dias antes de atingir o estado indiano de Bengala Ocidental”, explica Nayeem Wahra, especialista em desastres naturais em Bangladesh. O ciclone Amphan chegou no final da tarde de quarta-feira (20) ao sul da metrópole de Calcutá, acompanhado por ventos em torno de 165 km/h e chuva torrencial.

Enquanto os ventos sopravam com força na cidade de Tala, em Bangladesh, Shafiqul Islam passou três horas intermináveis ​​abrigado debaixo de sua cama com a esposa e os dois filhos, consumidos pelo remorso de terem cometido um “grande erro”, na sua avaliação, de não terem ido para os abrigos de proteção. Quando o agricultor de. 40 anos finalmente saiu, “a casa havia sido destruída e a maioria das residências dos vizinhos estava no chão”, disse. “Estivemos à beira da morte”, acrescentou.
10 milhões sem energia
Ao derrubar postes, cortar cabos elétricos e destruir transformadores, o ciclone deixou 15 milhões de pessoas sem energia elétrica em Bangladesh. Na manhã desta quinta-feira (21), 10 milhões ainda estavam sem energia.
Na cidade de Buri Goalini, em Bangladesh, uma das mais afetadas, “o ciclone não provocou mortes, mas destruiu nossos meios de subsistência”, disse Bhabotosh Kumar Mondal. “Estamos vendo um rastro de devastação incrível”, disse.
Com a tempestade e um aumento abrupto na água causado pelos fortes ventos, que provocaram ondas de até três metros de altura, parte da costa ficou submersa e várias aldeias foram invadidas pela água salgada. Porém, de acordo com Nayeem Wahra, a tempestade causada pelo ciclone Amphan foi menor do que temiam os meteorologistas.
Noite de terror
Do outro lado da fronteira, na Índia, a situação é idêntica e os danos causados também são de grande magnitude. “O ciclone Amphan devastou a costa de Bengala Ocidental. Milhares de casas foram derrubadas, árvores arrancadas, estradas submersas e colheitas destruídas”, relatou à imprensa Mamata Banerjee, ministra-chefe do Estado.
Depois de uma noite de terror, os 15 milhões de habitantes de Calcutá acordaram com ruas inundadas, carros cheios d’água e faixas de tráfego bloqueadas por árvores e postes elétricos caídos. As imagens mostram ainda a pista do aeroporto coberta de água.
Nesta quinta-feira (21), o ciclone Amphan enfraqueceu na direção norte, a ponto de se tornar uma simples depressão tropical. Na segunda-feira, ele havia alcançado a categoria 4 de 5 na escala Saffir-Simpson, com ventos de 200 km/h a 240 km/h. Trata-se do ciclone mais poderoso a se formar na baía de Bengala desde 1999, quando um evento parecido matou 10.000 pessoas em Odisha, estado costeiro do leste da Índia.
Os países da região aprenderam as lições dos devastadores ciclones das décadas anteriores: construíram milhares de abrigos para a população e implementaram políticas de evacuação rápida. Contudo, a pandemia de coronavírus dificultou o trabalho este ano. Para impedir a propagação do vírus, as autoridades pediram aos deslocados que respeitassem distância física nos abrigos e que usassem máscaras. Na prática, entretanto, essas medidas de precaução foram pouco respeitadas.
As informações são da AFP.

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