Ministro do Meio Ambiente diz que pecuária pode conter incêndios no Pantanal
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 13/10/2020
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, endossou, hoje (13), o argumento de que a criação de gado no Pantanal é uma forma eficaz de diminuir as queimadas no bioma. A exemplo de outras pessoas que defendem a expansão da pecuária na maior planície alagadiça do mundo, rica em recursos vegetais e animais, Salles afirmou que, ao se alimentarem, os animais ajudam a reduzir o estoque de matéria orgânica disponível no solo, eliminando parte do material capaz de alimentar eventuais focos de incêndio durante a época da seca.
“Ouvimos de várias fontes diferentes a necessidade de termos um reconhecimento do papel da criação de gado no Pantanal, uma vez que ele também contribui para diminuir o que há de matéria orgânica [combustível]”, disse Salles ao participar, esta manhã, de audiência pública virtual realizada pela comissão temporária externa do Senado criada para acompanhar as ações de combate ao fogo na região.
Os incêndios destruíram quase 4 milhões de hectares de vegetação pantaneira em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial.
Segundo o ministro, a proporção que os incêndios florestais ganharam este ano, no Pantanal e em outros biomas, se deve a uma soma de fatores, como o volume reduzido de chuvas prévias, as temperaturas elevadas e o clima seco. Porém, ao falar sobre a atual situação no Pantanal, Salles criticou a proibição do uso do fogo controlado, o chamado “fogo frio”, para ‘limpar’ as propriedades agrícolas e, assim, tentar evitar que os incêndios se propaguem.
“Foram criadas áreas onde não há pecuária, nem o manejo do fogo frio. Com isso, o volume de massa [orgânica] aumenta inexoravelmente. E quando ela queima, o volume de fogo é de grandes proporções, conforme estamos vendo este ano”, disse o ministro, enfatizando que produtores rurais sempre se valeram da presença do gado e do uso controlado do fogo para limpar suas terras e, assim, minimizar os riscos de incêndios.
“É preciso seguir com a política de uso preventivo do fogo, um instrumento importante de combate às queimadas que diminui o volume de massa orgânica armazenada. Feito no momento e da forma adequada, ele contribui sim para diminuir a proporção dos incêndios”, pontuou.
Salles também defendeu o uso de produtos químicos, os chamados retardantes de chamas, no combate ao fogo. Em Mato Grosso, bombeiros estão usando um dentre os vários tipos de retardantes existentes para tentar apagar as chamas, inclusive nas proximidades do Parque Estadual Encontro das Águas, conhecida pela concentração de onças-pintadas. O temor de ambientalistas é que as substâncias provoquem danos à flora, afetando os animais que vivem na região.
“Durante muito tempo, tivemos uma discussão inócua quanto a se devíamos ou não usar o retardante, quando vários países já utilizam esta tecnologia para melhorar o combate às queimadas”, disse o ministro, argumentando que o emprego de retardantes de chamas “aumenta em cinco vezes a capacidade de resposta das aeronaves” usadas para lançar água sobre focos de calor. “Já o havíamos testado em outras oportunidades e o utilizamos agora, na Chapada dos Veadeiros, e foi um sucesso. Esta é uma questão que precisa ser encarada de frente. Esta visão de que o emprego de tecnologia não é salutar é equivocada.”
Ao falar sobre medidas práticas para evitar que a situação deste ano se repita – especialistas apontam que o Pantanal atravessará de quatro a cinco anos de seca semelhante a atual -, Salles confirmou que os governos federal e de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso estudam construir uma base de monitoramento permanente em área pantaneira, na divisa entre os dois estados.
“Esta parece-nos uma boa ideia; algo a ser organizado entre os governos estaduais e federal”, comentou o ministro, pouco antes de mencionar que apenas 6% de toda a área do Pantanal estão sob a responsabilidade federal. “Estamos falando de áreas que compreendem florestas destinadas, unidades de conservação, terras indígenas e assentamentos. Por isso é importante termos os estados envolvidos nisto.”
Com informações da Agência Brasil
Edição – Alessandra Santos