Editorial: É hora de agir (17/12/2021)

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 17/12/2021

Os casos de violência doméstica registrados recentemente em Sorocaba e em cidades da Região Metropolitana, além de outros tantos ocorridos pelo Brasil, chamam a atenção das autoridades e da sociedade, que pede uma intervenção imediata sobre esse tipo de crime que, por vezes, é silencioso.

Silencioso no sentido de que muitos deles, se não a maioria, acontecem dentro de um espaço que deveria ser o abrigo e o recanto seguro das famílias: o lar.

Contudo, a violência doméstica que vem sufocando muitas mulheres e seus filhos volta a ganhar peso nos noticiários e preocupam, já que o número das ocorrências afronta a paz e o estado de segurança da sociedade.

Aqui, na Cruzeiro FM, o ouvinte acompanhou atônito os casos divulgados pela Polícia Civil e pelas prefeituras de Sorocaba e da região.

Ontem, por exemplo, a Prefeitura de São Roque divulgou informações sobre o caso de três irmãos – de 4, 7 e 11 anos – que sofriam tortura e maus-tratos praticados por um casal de tios que está desaparecido.

A polícia considera-os fugitivos.

Nesse caso, dois dados causaram muito incômodo: o fato de a criança de 7 anos ter deficiência mental e o de que a mãe biológica já agredia os filhos.

Ela perdeu a guarda das crianças que ficaram com os tios, porém, em vez de terem uma vida melhor, continuaram sofrendo tortura, agressões, ficavam sem comer por dias e eram obrigadas a dormir no chão.

Outra ocorrência policial que causou revolta foi o da menina de 12 anos, em Sorocaba, cujo pai abusava dela sexualmente.

A situação dessa criança veio à tona na quarta-feira desta semana quando ela conseguiu mandar mensagens para um professor dela relatando o que estava acontecendo, inclusive no momento em que sofria nova violência sexual.

O pai foi preso, mas colocado em liberdade posteriormente por falta de provas mais específicas, mas que a Polícia Civil vem trabalhando para responsabilizá-lo e prendê-lo pelos crimes.

A menina obteve, pelo menos, uma medida protetiva contra o pai, o que, de certa forma, garantirá a ela alguma segurança.

Ela está sob os cuidados da mãe.

Quando falamos que a medida protetiva garante alguma segurança deve-se a um número de casos de homens que, mesmo com essa ordem judicial, voltam a praticar o crime contra a vítima.

Exemplo disso é o caso que aconteceu no dia 5 de dezembro, quando uma mulher foi agredida pelo ex-marido na casa da mãe dela, mesmo ela tendo a medida protetiva.

O agressor está foragido.

Situações como essas afrontam a legislação e ferem os direitos humanos de mulheres e crianças.

A violência doméstica é crime e deve ser denunciada pela sociedade e punida pelas autoridades.

Em Sorocaba, as mulheres e crianças vítimas desse tipo de violência têm à disposição uma rede de proteção social disponibilizada pelo governo municipal e que envolve outras instituições.

Apesar disso, os números ainda continuam preocupando e se até medidas protetivas estão sendo desobedecidas por agressores, é fundamental que novas estratégias de combate a esse tipo de crime sejam colocadas em campo.

As medidas de intervenção logo após um crime ocorrido e denunciado são eficientes e, na maioria dos casos, salvam vidas.

Porém, a sensação de insegurança começa a tirar a paz de mulheres e crianças vítimas de homens violentos.

A delegada titular da DDM de Sorocaba, Veraly de Fátima Bramante Ferraz, reafirmou ao repórter Caio Rossini que vizinhos, amigos, familiares podem e devem denunciar casos de violência doméstica e que essas denúncias podem ser feitas anonimamente.

Em sua entrevista semanal no Jornal da Cruzeiro, o prefeito Rodrigo Manga diz que pensa em fortalecer o atendimento a vítimas de violência doméstica criando uma coordenadoria específica para isso.

Sem dúvida alguma, novas ações precisam ser feitas pelas autoridades; entretanto, a sociedade pode e deve ajudar essas vítimas fazendo algo muito simples e rápido: denunciando os criminosos.

Sejamos uma sociedade vigilante e solidária.

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