Apreensão de cocaína no país mais que dobra nos últimos dez anos

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 31/01/2023

A apreensão de cocaína pela Polícia Federal no Brasil cresceu 131,5% em dez anos. Em 2013, a corporação recolheu 41,7 mil kg da droga e, em 2022, tirou de circulação 96,6 mil kg da substância. Os valores dizem respeito à soma de cloridato, pasta-base e crack em todas as unidades da Federação.

Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, declarou a intenção de aumentar o trabalho de cooperação da corporação com organismos internacionais. “Atuaremos para a implantação de mecanismos concretos para informações de inteligência, bem como na organização de operações policiais conjuntas”, afirmou.

Na semana passada, a PF brasileira e a Polícia Federal argentina assinaram uma declaração de intenções com o objetivo de estabelecer estratégias de cooperação para combater o crime organizado na América do Sul, especialmente o tráfico de drogas e de armas. O acordo reúne mecanismos para agilizar a troca de informações de inteligência policial e a realização de atividades operacionais conjuntas entre os dois países.

Cássio Thyone, perito aposentado e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, acredita que o aumento do número de apreensões de cocaína está ligado ao aperfeiçoamento do trabalho policial.

“Embora isso reflita o aumento do consumo, o que eu acho que têm influenciado mais são as questões relativas à melhoria na inteligência policial e na busca por apreensões, que foram de grandes volumes, em especial durante o processo de transporte da droga pelo interior do país”, observa o especialista.

Apesar dos resultados positivos em relação à retenção de cocaína, a captação de LSD e de lança-perfume no país teve queda. Em 2013, a Polícia Federal apreendeu 36,4 mil frascos de lança-perfume, número que caiu para 368 frascos no ano passado. Os pontos de LSD confiscados pela PF em 2013 somaram 61,2 mil em 2013, enquanto a quantidade de 2022 foi de 3.800.

Cássio Thyone destaca a sazonalidade do consumo. Para ele, o tráfico se comporta como um mercado típico, com regras de oferta e procura, diferenças regionais, tendências temporais, características particulares e preferências de consumidores.

“Acredito que sejam variações relacionadas à própria dinâmica do mercado de drogas. Lança-perfume é bastante usado em algumas época, especialmente no Carnaval. Durante a pandemia da Covid-19, tivemos queda do número de pessoas que curtiram o Carnaval, porque não houve festas na rua. O LSD também pode ser alguma coisa relacionada à preferência dos consumidores. Não são opiniões conclusivas, apenas hipóteses”, afirma.

Para melhorar os números, o especialista sugere investimentos no trabalho de inteligência policial. “Para usar mais efetivo e equipamentos, não ficar apenas na distribuição de ‘formiguinhas’, mas fazer grandes apreensões, que vão gerar mais prejuízo para o mercado traficante”, explica, e cita o resultado que o trabalho de inteligência pode gerar. “Não há outra forma de aumentar apreensões e o combate ao tráfico de drogas”, completa Thyone.

Outras drogas

A retenção de comprimidos de ecstasy entre 2013 e 2022 subiu de 196.413 no primeiro ano para 879.109 no ano passado — aumento de 347%. As apreensões de maconha no período também aumentaram. Há dez anos, a PF apreendeu, em todo o país, 222.225 kg, quantidade que passou para 414.874 kg no ano passado — crescimento de 86,7%. A captação de haxixe teve queda de 17% e passou de 344 kg, em 2013, para 285,6 kg, em 2022.

Cássio Thyone explica os movimentos com base em argumentos geográficos. “As apreensões dependem de fatores como a localização. Há estados que são rota de passagem para drogas e outros fazem fronteira com regiões produtoras, no Norte e no Centro-Oeste, por exemplo, com Bolívia e Colômbia, países considerados produtores. Quanto maior a fronteira, mais complexa a fiscalização. As características particulares dos estados se refletem nas apreensões”, observa.

Parte da explicação está, ainda, na agilidade do tráfico, segundo o especialista. “Se há intensificação da fiscalização em determinado estado, as rotas vão se alterar, porque [os mercados] vão buscar locais com mais vulnerabilidade para se estabelecer e dar conta da demanda de drogas”, afirma Thyone. 

Há unidades da Federação com maior volume de apreensões por conta de portos e aeroportos, que acabam funcionando como rota para o exterior. “O que não significa que a cidade tenha um fluxo intenso de drogas”, ressalta o especialista. “Todos os fatores têm de ser postos na balança. Há, ainda, períodos de intensificação em determinados estados, com operações significativas”, completa.

As informações são do Portal R7.


Você está ouvindo

Cruzeiro FM 92,3 Mhz

A número 1 em jornalismo