Plano Nacional quer diminuir dependência do Brasil na produção de fertilizantes

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 03/12/2023

O Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert) aprovou, em 29 de novembro, as diretrizes, metas e ações do novo Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que visa reduzir a dependência externa do Brasil e dar maior competitividade e sustentabilidade à produção brasileira, contribuindo para a segurança alimentar.

Segundo o governo, atualmente mais de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura são importados, gerando um custo de US$ 25 bilhões por ano. O objetivo do plano agora aprovado é chegar em 2050 com uma produção nacional capaz de atendar entre 45% e 50% da demanda interna.

Para isso, o PNF revisado e aprovado pelo Confert listou cinco diretrizes, 27 metas e 168 ações de curto, médio e longo prazos.

As principais ações de curto e médio prazo visam reativar, concluir ou ampliar fábricas de fertilizantes estratégicas para o Brasil (Crédito: Brasil Mineral)

Segurança alimentar

O presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, reforçou a relevância do plano aprovado.  “O plano vai permitir a redução dessa dependência externa e contribuir para uma melhor segurança alimentar no país”, celebra.

As principais ações de curto e médio prazo visam reativar, concluir ou ampliar fábricas de fertilizantes estratégicas para o Brasil, sobretudo de nitrogenados e fosfatados.

Nessa linha, a Petrobras, que faz parte do Confert, já anunciou a retomada das fábricas de nitrogenados de Araucária (PR) e Três Lagoas (MS), bem como a intenção de aumentar as encomendas para as unidades da Unigel de Sergipe e Bahia.

O setor privado também está aumentando investimentos, como nas obras do complexo da Serra do Salitre (MG), para produção de fosfatados.

Outro ponto discutido no âmbito do Confert foi a retomada do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que é outra ação no pacote de apoio à produção nacional. São R$ 500 milhões neste ano e R$ 1 bilhão em 2024.

Decreto publicado em agosto e regulamentado no último dia 23 amplia os benefícios do Reiq para indústrias que investirem em novas plantas de fertilizantes.

Atualmente, as chamadas cadeias emergentes de fertilizantes têm participação pequena no consumo do país (Crédito: Adriano Machado / Reuters)

Nutrientes orgânicos

Além de aumentar produção nacional de fertilizantes químicos, o PNF também propõe medidas para elevação da oferta de nutrientes orgânicos e organominerais, além de reaproveitamento de resíduos sólidos e dos chamados “remineralizadores”, ou pó de rocha, que podem aumentar o efeito dos fertilizantes químicos. 

O PNF identifica a necessidade de estudos e de mapeamentos, incluindo pesquisa mineral e de viabilidade logística, para que se conheça com mais precisão o potencial do país com tais fontes alternativas.

Atualmente, as chamadas cadeias emergentes de fertilizantes (orgânicos, organominerais, resíduos sólidos e remineralizadores) têm participação pequena no consumo do país, e poucas estatísticas a respeito, mas o potencial de crescimento é considerado grande.

No caso de orgânicos e organominerais, por exemplo, o PNF estima que investimentos nessas cadeias podem fazer a produção crescer 500% até 2050.

Para aumentar a competividade das fábricas instaladas no Brasil, são sugeridas, entre outras medidas: a isonomia tributária para produtos nacionais e importados; e a harmonização das leis estaduais e municipais.

O Plano Nacional sugeri o estabelecimento de parcerias entre empresas e institutos de tecnologias (Crédito: Divulgação)

Pesquisas ampliadas

O plano propõe a realização de um amplo mapeamento geológico que avalie o potencial de fosfato e potássio no Brasil – indicando a realização de pesquisas regionais em até 60 áreas nas próximas décadas, sobretudo nos estados de Goiás, Tocantins, Bahia e Mato Grosso.

Também é sugerido o estabelecimento de parcerias entre empresas e institutos de C&T, fomentando estudos científicos voltados à produção e utilização de insumos sustentáveis.

Outra importante iniciativa prevista no PNF é a criação do Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Cefenp), que deve funcionar a partir de 2025, no Rio de Janeiro. A instalação do futuro centro já conta com um aporte inicial de R$ 35 milhões disponibilizados pelo Rio de Janeiro, cuja origem é o fundo soberano estadual de óleo, gás e fertilizantes.

Por fim, o PNF debruça-se sobre questões de infraestrutura, como transportes e armazenamento, propondo a organização de uma logística integrada de modais ferroviários, rodoviários e fluviais ou marítimos.

O plano destaca ainda a necessidade de estruturas centrais de armazenamento e distribuição de fertilizantes em regiões estratégicas – que serão definidas com base em critérios climáticos, de solo, de fertilidade e de produção.

Fazem parte do Confert, além do MDIC, os ministérios da Fazenda; da Agricultura e Pecuária; do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; de Minas e Energia; do Meio Ambiente e Mudança do Clima; e da Ciência, Tecnologia e Inovação; além da Embrapa, da Petrobras, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). (Com informações do portal Brasil 61)


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