Editorial: Brasil em chamas 13/09/2024

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 13/09/2024

Desde o início de 2024, o Brasil já contabilizou mais de 159.411 focos de incêndios, um aumento de 104% em comparação com o mesmo período do ano passado, que havia registrado uma queda de 29% em relação a 2022.

Entre os estados brasileiros, o mais afetado é o de Mato Grosso, com 34.356 focos, um número 201% superior ao ano anterior.

Este ano está sendo considerado atípico em relação às queimadas, especialmente devido à combinação de uma estação seca mais severa e temperaturas acima da média histórica.

Esses fatores são responsáveis pela rápida expansão dos focos de incêndio.

Especialistas afirmam que a origem das queimadas ocorre a partir de uma fagulha, que pode ser provocada pelo ser humano ou de forma natural.

Devido a essas queimadas em diversas regiões do País, não é incomum observarmos, em diversos pontos, cortinas de fumaça que atingem o território nacional, inclusive países vizinhos, como é o caso da Argentina.

Além do Brasil, outros países da América do Sul também enfrentam uma crise de queimadas.

A Bolívia registrou um aumento de 353% nos focos de incêndio, totalizando 58.107 casos, o maior número desde 2001.

O Paraguai, por sua vez, registrou um aumento de 72% nas queimadas.

A falta de chuvas, o calor intenso e o clima seco comprometem sobremaneira o agronegócio, e o pior é que não há previsão, a médio prazo, de alívio dessa situação.

É aqui que entra um governo proficiente, que tenha uma ação rápida para ajudar o brasileiro nesse momento, mas, ao que parece, o governo federal está demorando para tomar uma decisão enérgica e auxiliar os governos estaduais, onde cidades ardem em chamas.

Nesta semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino chamou as queimadas da Amazônia e do Pantanal de uma “autêntica pandemia de incêndios florestais” e deu cinco dias para ampliação do efetivo nessas regiões.

Ele também afirmou que não se pode “normalizar o absurdo” e que é necessário manter o “estranhamento” diante do fato de que “60% do território nacional está sentindo, direta ou indiretamente, os impactos dos incêndios florestais.”

Dino reforçou, ainda, que os impactos dos incêndios atingem o meio ambiente, a vida humana e a economia.

Para o ministro, a situação é “grave” e “inaceitável”.

Por fim, disse que as queimadas não estariam ocorrendo se não fosse a ação humana.

Vale lembrar que o ministro do STF Flávio Dino foi indicação do atual governo federal, do qual ele também foi ministro da Justiça, porém, o governo federal parece passar por um processo letárgico com relação às queimadas e deveria tomar atitudes mais firmes e efetivas para colocar um fim a essa situação que, conforme especialistas e a própria polícia, muitas delas têm caráter criminoso.

Os governos estaduais não mediram esforços e juntaram-se aos municípios afetados para criar condições de combate aos focos de incêndio, inclusive com multas e prisões a pessoas flagradas colocando fogo em áreas verdes.

Em Sorocaba, na quarta-feira, a prefeitura decretou estado de emergência climática e ampliou o valor da multa para incêndios criminosos a R$ 150 mil.

Enquanto isso, o governo federal permanece no plano teórico e não coloca nada em prática.

No dia 3 de setembro, quando milhares de quilômetros ardiam em fogo nas florestas da Amazônia e do Pantanal, o ministro Dino enviava, ainda, uma lista de nove perguntas à Advocacia-Geral da União para que o governo respondesse sobre seus planos para enfrentar a alta de queimadas naquelas regiões.

Em audiência feita pelo ministro na terça-feira desta semana, ficou decidido, entre outras coisas, a ampliação do efetivo e do número de aeronaves para combate dos incêndios nas duas regiões.

Na quinta-feira que vem, dia 19, o ministro pediu reunião com governadores dos estados atingidos.

Ora, é muita reunião e conversa, quando o governo federal, na verdade, já deveria ter feito como os estados e municípios e decretado estado de emergência, convocando reforços e colocando em prática ações eficientes, in loco, para conter essa grave situação.

Esse cenário compromete a saúde do povo brasileiro e a sustentabilidade do País, além do solo que, como já dito por muitos ambientalistas, ao ser queimado, demora anos para voltar ao estado fértil, colocando em xeque todo um ecossistema.

É preciso, sem dúvida alguma, mais ação e menos discurso por parte do governo federal que parece não querer enxergar a grave crise à qual está colocando a nação.

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