Exames vão revelar causa da morte do chimpanzé Black, informa Santuário de Primatas
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 08/02/2021
O chimpanzé Black morreu na noite de sábado (6) por parada cardiorrespiratória.
Uma necropsia foi realizada e a causa mortis será concluída após o resultado de exames histopatológicos, com a análise microscópica de tecidos, segundo informou o Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, afiliado ao Projeto The Great Ape Project (GAP), onde vivia o animal.
Black, que tinha idade estimada em 50 anos, estava no local desde 2019, quando deixou o recinto onde vivia sozinho, no Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, após uma decisão da justiça.
De acordo com a nota divulgada pelo Santuário, o chimpanzé morreu às 21h02. Na quinta-feira (4), Black apresentou claudicação, com leve apatia, foi medicado e morreu antes de passar por mais exames.
O animal foi sepultado no cemitério que fica dentro do Santuário. Não haverá homenagem ou marco no local e a ossada não será usada para estudos.
Como o ano de nascimento de Black é desconhecido, sua idade é estimada em 50 anos, já considerado idoso para a espécie e mais sujeito a problemas de saúde. O chimpanzé foi explorado em um circo quando jovem e depois de anos de sofrimento foi enviado a um zoológico. Após ser picado por um escorpião, chegou em 1979 ao zoológico de Sorocaba.
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No Quinzinho, ele viveu por cerca de 40 anos, sendo os últimos oito sozinho, após a morte de sua companheira, Rita, em 2011. Em 2004 passou um breve período no Santuário, quando seu recinto passava for reformas.
Polêmica e discussão na Justiça
Desde então, várias tentativas e protestos foram feitos para transferir o primata definidamente para o Santuário. Em 2019, depois de mais um processo protocolado por ONGs em 2018, Black foi transferido para o Santuário por determinação judicial. Na decisão, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) se baseou também no parecer técnico do biólogo Sérgio Greif. Segundo ele, o que mais pode causar incômodo em Black é o fato de viver sozinho, sem contato com outros primatas.
A transferência de Black ocorreu em 6 de maio de 2019. Na época, veterinários e biólogos divergiram sobre o tema, pois alguns afirmaram que Black já estava habituado com a rotina e com as pessoas do zoológico, enquanto as duas entidades que pediam a transferência — Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) e da Associação Sempre Pelos Animais — alegavam que no santuário Black poderia interagir com outros primatas e não precisaria mais conviver com o estresse causado pela visitação.
Boa convivência
O Santuário em Sorocaba é a maior unidade do GAP, que também mantem projetos em Vargem Grande Paulista, Ibiúna e em Curitiba, no Paraná. Quando chegou ao novo lar em Sorocaba, Black ficou em quarentena, isolado dos demais primatas e recebendo atenção especial da equipe de veterinários. Depois, passou a dividir o recinto com Dolores.
“Ele se adaptou muito rapidamente à rotina do Santuário e logo após o término de sua quarentena foi introduzido à Dolores, com quem conviveu muito bem e em plena harmonia. Não viveu mais sozinho e ficou muito tranquilo. Também era muito curioso e gostava de observar os outros chimpanzés nos recintos vizinhos ao dele”, afirmou o santuário.
Em nota enviada ao jornal Cruzeiro do Sul, o GAP afirmou que Black não tinha nenhum problema clínico evidente e que não é possível afirmar que os maus tratos sofridos durante o período em que foi explorado no circo ou o tempo sozinho no zoológico influenciaram na saúde do animal. “Provavelmente mais na saúde mental. Mas não temos como concluir os reais impactos de experiências traumáticas de forma objetiva”, detalha.
Com informações do Jornal Cruzeiro do Sul – reportagem Jomar Bellini
Edição – Alessandra Santos