Ministro diz que Enem terá cara do governo no ‘sentido da honestidade’
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 17/11/2021
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, participou voluntariamente de uma audiência da Comissão de Educação da Câmara nesta quarta-feira (17), durante o lançamento do Pacto Nacional pela Educação, e declarou que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) terá a cara do governo “no sentido de competência, honestidade e seriedade”.
Milton Ribeiro afirmou que optou por ir à Câmara hoje porque, a partir desta quinta (18), deve viajar e não poderá participar das audiências antes da realização do Enem, que deve ser ocorrer nos próximos dois domingos (21 e 28 de novembro).
Ribeiro disse que não houve nenhum tipo de interferência do governo federal na organização das provas do Enem e que foi usado o banco nacional de itens. “Em nenhum momento houve interferência na qualidade”, destacou. “As questões fazem parte de um banco preparado já em outras gestões.”
“Não houve interferência alguma do Palácio do Planalto”, reforçou aos deputados. Com relação às denúncias de assédio moral no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o ministro afirmou que existem canais próprios de denúncia. “Chamar a atenção de alguém é assédio moral? Querer o melhor para a educação brasileira é assédio?”, ironizou.
Com relação às denúncias de que um agente da Polícia Federal esteve nas áreas de segurança no Inep, o ministro declarou que se trata de uma prática comum para avaliar as condições de segurança para as provas do Enem. “O agente foi até lá para ver se tinha alguma câmera escondida ou qualquer outro problema, em nenhum momento houve interferência nas questões.
Os deputados solicitaram mais esclarecimentos com relação às denúncias de alteração nas questões do Enem e interferência do governo federal na realização das provas. O ministro também foi questionado sobre o número de servidores que pediram afastamento do cargo na autarquia. Ribeiro argumentou que “o movimento de demissionários está ligado a uma questão financeira”, que estaria relacionado à mudança de gratificações dadas aos funcionários. Mas não deu mais detalhes sobre a possível exclusão de questões.
Nesta quarta-feira, o presidente do Inep, Danilo Dupas, participou de uma audiência na Comissão do Futuro do Senado para explicar a debandada de servidores da autarquia ligada ao MEC (Ministro da Educação), órgão responsável pela aplicação do Enem, às vésperas da prova. Dupas reafirmou que as provas do Enem serão aplicadas de acordo com o calendário.
Quanto às denúncias, o presidente do Inep também voltou a afirmar que se trata de uma questão interna do instituto e, assim como disse o ministro, associou as demissões a questões financeiras e de governança.
Entenda a crise no Inep
Na última semana, dias antes da aplicação do Enem, a principal porta de entrada para as universidades brasileiras, ao menos 37 servidores pediram demissão do Inep. Em carta, eles alegaram falta de gestão e assédio moral.
Por meio das redes sociais, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, informou que o exame será realizado normalmente nos próximos domingos, dias 21 e 28. O presidente do Inep, Danilo Dupas, chamado a prestar esclarecimento na Câmara dos Deputados, reafirmou que o Enem está mantido e disse que as questões que envolvem a demissão em massa dos servidores são “internas do Inep”.
Na última segunda-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, em visita a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que o “Enem começa agora a ter a cara do governo”. Bolsonaro ainda destacou que “ninguém precisa estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, que caíam temas de redação que não tinham nada a ver com nada. Realmente, é algo voltado para o aprendizado”.
Para a oposição e diferentes setores da educação soou como uma interferência do governo na realização do exame. Na terça (16), o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, descartaram que houve ações do governo nesse sentido.
Deputados de oposição pediram, na noite de terça-feira, no TCU (Tribunal de Contas da União), o afastamento do presidente do Inep e uma auditoria permanente na autarquia. Apesar da pressão, Ribeiro declarou que não vai afastar Dupas do cargo.
Com informações do Portal R7
Foto: Clélia Vianna/Câmara dos Deputados