Editorial: Uma unidade que salva vidas (08/07/2022)

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 08/07/2022

O Hospital do Câncer Divina Misericórdia, que é administrado e funciona dentro do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba, zerou a fila de espera da rede estadual Hebe Camargo na região de Sorocaba, inclusive na cidade.

Essa boa notícia, a princípio, foi confirmada pelo padre Flávio Jorge Miguel Júnior, que é o gestor da Santa Casa local, durante entrevista no Jornal da Cruzeiro na terça-feira.

Assim, com as vagas excedentes, pacientes que vivem em cidades de outros Departamentos Regionais de Saúde também puderam começar a se beneficiar com os tratamentos oferecidos pelo polo oncológico de Sorocaba.

O Hospital Oncológico tem recebido pacientes de Campinas, São Paulo e Barueri, por exemplo.

Contudo, o padre Flávio ressalta que isso não significa que, em Sorocaba e região, todo mundo foi curado do câncer.

No entendimento dele, as secretarias municipais da Saúde de Sorocaba e dos outros 47 municípios, que estão sob jurisdição do DRS-16, e que são atendidos diretamente pelo Hospital Oncológico de Sorocaba, ou não estão fazendo o diagnóstico da doença e inserindo as pessoas na rede estadual Hebe Camargo ou estão demorando para dar o diagnóstico.

Diante de uma estrutura referência como esta, em Sorocaba, é de fundamental importância que as administrações municipais agilizem esse processo do diagnóstico do câncer e encaminhamento dos pacientes à unidade.

Com sua implantação, as vagas para tratamento de pacientes com câncer aumentaram, ou seja, saíram de 40 vagas disponibilizadas no ambulatório para a oferta de 130.

Houve aumento, também, no tratamento de radioterapia, ampliando-se de 40 para 70 vagas.

Trata-se, portanto, de uma estrutura de alta complexidade e que custa caro e, por isso, deve ser bem melhor aproveitada por Sorocaba e região, pois o Hospital do Câncer Divina Misericórdia recebe, por mês, quase dois milhões de reais.

São 700 mil reais do governo federal e quase 1 milhão e 300 mil reais do governo estadual.

Aliás, padre Flávio destacou que essa ajuda do governo do Estado veio logo após a ampliação do atendimento pelo Hospital do Câncer e, com a ajuda da deputada estadual Maria Lúcia Amary, o padre conseguiu obter o recurso dentro do Plano São Paulo, lançado pelo estado para o atendimento às Santas Casas.

Com certeza, foi uma grande conquista para a cidade e região, já que todos os serviços no hospital foram dobrados, tornando a unidade muito mais eficiente.

A Secretaria de Estado da Saúde explicou que a região da área de abrangência do DRS de Sorocaba possui quatro polos oncológicos, sendo o Conjunto Hospitalar de Sorocaba, a Santa Casa de Sorocaba, a Santa Casa de Itapeva e o Ambulatório Médico de Especialidades de Itapetininga, por meio do programa AME Oncologia, recém-inaugurado também.

De acordo com o padre Flávio, a rede Hebe Camargo realiza atendimentos de prevenção e tratamento do câncer.

No entanto, as prefeituras devem fazer o cadastro de pacientes diagnosticados no sistema paulista para o encaminhamento para as unidades, a fim de dar início aos procedimentos médicos.

Isto significa que os municípios não estão acompanhando a rapidez do atendimento do Hospital do Câncer Divina Misericórdia e estão demorando para gerar os diagnósticos e incluir esses pacientes na rede estadual Hebe Camargo.

Dessa forma, é necessário que as administrações públicas diminuam esse abismo entre o diagnóstico na rede básica de saúde e o início do tratamento no Hospital Oncológico de Sorocaba.

É fundamental que os governos municipais revejam o processo de acolhimento de pacientes oncológicos na rede básica de saúde para permitir que iniciem o tratamento oncológico o quanto antes para se curarem.

Não podemos, portanto, permitir que a burocracia e a falta de racionalidade nos municípios criem óbices que, por não ter paciente incluído na rede Hebe Camargo, releguem uma estrutura cara e complexa como a do Hospital do Câncer.

Bom seria que não houvesse pessoas com câncer, mas isso não é uma realidade e cabe às administrações municipais tornarem-se mais eficientes para cuidar melhor de seus cidadãos.

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