Caminhada chama a atenção para a saúde mental materna

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 27/05/2023

Um grupo de voluntários de Sorocaba promove, neste domingo (28), a Marcha Maio Furta, como forma de chamar a atenção da população para a campanha Maio Furta-cor. A iniciativa visa chamar a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental materna e ocorre em maio em alusão ao Dia das Mães. A caminhada ocorrerá no Paço Municipal, no Alto da Boa Vista, a partir das 9h.

A concentração será em frente à Biblioteca Municipal Jorge Guilherme Senger. Após a passeata, haverá roda de conversa e piquenique. Os participantes podem levar alimentos e bebidas não alcoólicas. O evento — apartidário e sem fins lucrativos — é aberto ao público.

Segundo a representante da campanha na cidade, a psicóloga clínica e perinatal Danielle Mundim de Oliveira Shibayama, ela foi criada em 2021, por uma terapeuta e uma psiquiatra de Curitiba. Naquele ano, devido à pandemia de Covid-19, as atividades aconteceram somente on-line. Já em 2022, com a atenuação da crise sanitária, as ações foram descentralizadas, passando a ser realizadas presencialmente em diversos locais do País.

De acordo com Danielle, a temática da saúde mental materna ainda é pouco discutida. Ela diz que ideais culturais e históricos ultrapassados acerca da maternidade e dos papéis sociais da mulher se mantêm até hoje na sociedade. Um dos maiores mitos, acrescenta, é o de que a mãe é a principal responsável pela criação dos filhos, tendo, assim, de dar conta de todas as tarefas relacionadas a esse processo. Isso, conforme a psicóloga, gera sobrecarga, o que acarretar em sofrimento psíquico. “Hoje, é esperado que a mulher dê conta de todos os papéis — ser mãe, profissional e trabalhar fora. Isso quando ela não é demitida e precisa ser empreendedora também. Se ela tem um companheiro, ainda tem que estar disponível para ser boa esposa”, comentou.

Por isso, um dos objetivos centrais do Maio Furta-cor é debater a necessidade de garantir saúde mental dessas mulheres, por meio do oferecimento de frentes de ajuda psicológica. Segundo Danielle, a iniciativa também foca em motivar as próprias mães a buscar auxílio. “Elas têm muita dificuldade em pedir ajudar, porque há um discurso de que não podem ser fracas e de que têm de dar conta de tudo”, apontou. Além disso, trata da necessidade de criação de políticas públicas para o provimento de assistência a esse público. “Sem políticas públicas, fica inviável. Não adianta só conscientizar. Tem que haver medidas para proteger a saúde mental dessa mulher, para não sobrecarregar o sistema público de saúde, principalmente”, destacou.

Conforme Danielle, estudos — citando dois como exemplos — comprovam a necessidade de se prover acompanhamento terapêutico às mães. Segundo a pesquisa Suicídio e Mortalidade Materna, publicada na revista médica sobre distúrbios mentais Current Psychiatry Reports, 3,7 mulheres se suicidam no pós-parto a cada 100 mil nascidos vivos, em todo o mundo. Considerando a mesma proporção, o número supera os falecimentos por hemorragia no pós-parto — 1,92.

Já o trabalho Nascer no Brasil, da pesquisadora Mariza Theme, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), aponta que, no Brasil, a cada quatro mulheres, mais de uma apresenta sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê.

Outras temáticas

Na ação, o grupo abordará, igualmente, a temática a respeito de que cuidar dos filhos também é incumbência dos homens, para romper com os arquétipos culturais e históricos associados exclusivamente à mulher. Outro assunto a ser debatido são os diferentes tipos de maternidade — heterossexual, LGBTQIA+, negra, atípica, dentre outros. A pauta ainda incluirá a desmistificação de estigmas acerca do tratamento psicoterapêutico em geral. 

Reportagem de Vinicius Camargo
Jornal Cruzeiro do Sul


Você está ouvindo

Cruzeiro FM 92,3 Mhz

A número 1 em jornalismo