Editorial: Mosquito ativo 02/02/2024
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 02/02/2024
Nas últimas semanas, os veículos de comunicação têm dedicado bom espaço em suas programações e páginas de revistas ou jornais para o alto índice de casos de dengue no país.
O número de casos neste ano mais que triplicou em relação ao mesmo período do ano passado.
Nas quatro primeiras semanas deste ano, o Brasil registrou mais de 217 mil casos de dengue, conforme dados divulgados nesta semana pelo Ministério da Saúde.
Numa comparação com 2023, o número deste ano é mais que o triplo de notificações do mesmo período do ano passado, quando houve 65.366 registros da doença.
O painel de monitoramento de arboviroses do governo contabilizou 15 mortes pela doença neste ano e 149 óbitos estão em investigação; no ano passado, foram 41 mortes ao todo.
E o que surpreende pelo elevado número é justamente o fato de que a prevenção a essa doença está no simples ato de limparmos os nossos espaços para evitar que a água se acumule em lugares que podem servir de criadouros para o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.
Contudo, o Ministério da Saúde argumenta que o aumento de casos da doença se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.
O fenômeno El Niño, em partes, explicaria o contexto de tanto calor e chuva; sistemas que favorecem a proliferação do mosquito.
A fêmea é o inseto que pica o ser humano em busca de sangue para a maturação de seus ovos, que darão vida às novas gerações, mas, para que ela transmita o vírus, ela precisa estar contaminada também.
Como se vê, o aumento da doença é generalizado em todo o Brasil e não é a primeira vez que isso acontece, já houve outros anos em que a dengue causou muitas vítimas.
Aqui, em Sorocaba, a situação não é diferente e houve um aumento considerado de casos na cidade, colocando-a em um cenário de epidemia, o que preocupa as autoridades, conforme declarou o secretário da Saúde do município, Cláudio Pompeo.
Para se ter uma ideia, em uma semana, houve um aumento de 67% no número de casos, de modo que, até a terça-feira passada, havia 178 confirmações e outros 1.296 casos suspeitos da doença.
Há cerca de uma semana, havia 106 casos, isto é, 41 a mais do que na semana anterior, quando foram confirmadas 65 ocorrências.
Por enquanto, felizmente, não há registro de mortes pela doença neste ano.
O repórter André Fazano conversou, na quarta-feira, com a médica infectologista Naihma Salum Fontana, que comentou sobre o momento vivido em Sorocaba.
Entre as primeiras observações da especialista está a ideia de que é possível a população controlar a proliferação do mosquito com medidas sanitárias básicas e simples e que, de certa forma, demandariam cerca de 10 minutos na semana para evitar o acúmulo de água.
Segundo a médica, é necessário que as pessoas que têm piscina que tratem essa água, que evitem o acúmulo de entulho onde podem haver recipientes capazes de armazenar água e servir de criadouro para o mosquito e manter ralos fechados quando não estiverem em uso e vasos de plantas com terra.
A dengue é uma doença endêmica e uma arbovirose justamente por ser transmissível apenas por conta da existência do mosquito.
Eliminar possíveis criadouros e combater o mosquito adulto são ações importantes para prevenir a doença.
De acordo com ela, a situação pode ficar pior nas próximas semanas por conta do calor, das chuvas e da chegada do Carnaval, quando aumenta a aglomeração de pessoas e, por conseguinte, o surgimento do mosquito entre essas pessoas.
O pico das epidemias é esperado no final de março e começo de abril, período do ano com condições propícias para a piora desse quadro.
Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina da dengue Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Na ocasião, a ministra, Nísia Trindade, disse que o novo imunizante começaria a ser aplicado em fevereiro deste ano.
Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou a lista das cidades que vão receber o imunizante.
Ao todo, foram incluídos cerca de 500 municípios em 16 estados, porém, a Região Metropolitana de Sorocaba ficou fora dessa primeira etapa, o que preocupa as autoridades locais, em especial porque uma vacina, em um laboratório particular, chega a custar R$ 800, limitando o acesso para a maioria da população.
Devido a toda a situação exposta, é necessário, então, que os governos municipais, que ainda não foram contemplados com as doses das vacinas, fortaleçam as campanhas de orientação e prevenção da dengue junto à sociedade.
É necessário que essas campanhas sejam intensificadas e propagadas em veículos de comunicação, redes sociais, outdoors, a fim de levar o conhecimento e o alerta sobre a doença e os cuidados que as pessoas precisam ter para evitar a proliferação do mosquito e a disseminação da doença.
A população precisa fazer sua parte e cuidar do seu espaço e imediações e, por outro lado, as administrações públicas precisam oferecer condições para que a população se previna e, assim, conseguirmos minimizar os efeitos da dengue em nossas cidades.
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